Umas semanas atrás postei sobre a noite e as drogas. Hoje, pensando no assunto, lembrei de uma grande figura que conheci nos primeiros meses de trabalho.
Chamávamos ela de Gringa. Era argentina, paraguaia ou uruguaia - não lembro direito. Muitas meninas de países vizinhos vem trabalhar aqui no Brasil.
A Gringa tinha quase 40 anos, e cheirava muita cocaína. Ela meio que vivia para o vício (mas não incomodava ninguém), estava quase sempre sem grana, morava longe da filha e vivia em um relacionamento abusivo.
O marido dela era envolvido com tráfico e já tinha sido preso algumas vezes. De vez em quando ele ligava pra ela, pressionando-a a ganhar mais dinheiro. Eu ouvia ela falando:
-Mas mi amor, o movimento está fraco!
Ela era uma "puta velha". Não me refiro a idade, mas sim a experiência nessa vida. Trabalhava a muitos anos e me ensinou bastante coisa, até sobre minha própria segurança. Ela era uma pessoa boa.
Lembro de uma vez que a zona fechou e fomos dormir, e ela ficou me contando algumas histórias cabeludas que já tinha passado, como ficar refém de homens armados ou pular de um carro em movimento (ela trabalhou na rua - o que eu considero arriscado demais).
Também falou sobre o "amado" dela, e do medo que ela tinha dele.
Aprendi a não julgar as pessoas, e a Gringa me serviu de lição. Apesar de ser usuária, e aparentemente uma pessoa que, talvez, não tenha feito escolhas muito boas na vida, ela tinha um bom coração.
Quem somos nós pra julgar as escolhas dos outros? Ainda mais quando essas escolhas não fazem mal pra ninguém, a não ser para a própria pessoa?
Nossa cafetina vivia implicando com ela. Humilhava-a na frente de todas as garotas. Eu me perguntava como ela aguentava aquilo!
Um dia a humilhação chegou ao extremo... Era um sábado de movimento, e o marido da Gringa estava na cidade e ela precisou ir embora mais cedo. A cafetina começou a gritar, xingar, e jogou as coisas dela na rua. Foi horrível.
Ela foi embora, e eu nunca mais a vi.
Tenho um anel e um brinco que ela me deu. Não sei porque, mas um dia ela falou "é pra você...pra dar sorte". Não chegamos a ser mui amigas, mas o pouco tempo que convivemos foi o suficiente para notar algo de bom uma na outra.
A vida é feita disso... Pessoas que vem, que vão, algumas que servem de lição, de experiência, que nos ensinam algo, e algumas que se tornam especiais mesmo que sigam caminhos diferentes.
E eu desejo sorte para ela, onde estiver!
🍀🍀🍀
historia interessante, o pouco que li de seu blog que conheci hoje, gostei, e como se fosse um livro que não conseguimos para de ler, não é só contos de sexo, quando menos espero vem uma historia interessante que nos faz viajar na historia, hoje estou sem tempo para continuar lendo, mas pelo pouco que li, espero voltar aqui para ler mas suas historia.
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