segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Lenocínio

No último post eu falei sobre como é bom trabalhar por conta própria e me dar ao luxo de fazer meus horários e vontades. Pude relembrar também das vezes que eu trabalhei sob pressão, sem condição psicológica alguma. Passei muito por isso, principalmente no começo.

Existe MUITO abuso psicológico por parte de cafetinas/cafetoes/donas e donos de casa. Não estou generalizando, pois tive o prazer de trabalhar com gente legal também, mas a grande maioria olha a garota apenas como um produto. Certa vez até vi uma cafetina discutindo com outra a respeito de uma menina, e a chamando de "material de trabalho". Esse jeito de falar chega a me dar nojo. Chamar um ser humano de MATERIAL DE TRABALHO. Vá carpir um terreno!!!

Quando comecei a trabalhar, acabei indo morar na zona por alguns meses. Eu trabalhava da hora que acordava até a hora da casa fechar. A dona não me obrigava, claro, mas se eu saísse para almoçar e demorasse um pouco mais, era cara feia e clima ruim na certa. Então eu tentava evitar - já que só o fato de trabalhar lá já era bem estressante.
Ela fazia reuniões, onde nos dizia que tínhamos que nos esforçar mais, atender melhor, etc etc etc. Nunca estava bom, nunca era o suficiente. Se estávamos com algum problema, foda-se! Tinha que chegar lá, trabalhar e render. Se faltasse, ela ameaçava dar multa ou não deixar mais trabalhar.
Certa época ela disse que iria quebrar nossos celulares, e começou a nos proibir de fazer comida na casa. Quem quisesse, que pedisse lanche.
Também tínhamos que servir os clientes do bar e lavar os copos, sem ganhar nada por isso!
Enquanto a gente se matava a trabalhar, ela se trancava no quarto dela e roncava. Sempre nos lembrando que a casa era cheia de câmeras e que saberia se alguém tentasse "passar a perna" nela.

Palpitava horrores sobre nossa vida pessoal. Quando aluguei um lugar para morar, passei a ir trabalhar só no horário da noite. Queria ficar mais perto da minha filha, e ela dizia que eu devia trabalhar mais, pois o importante era ter dinheiro e garantir o futuro da minha pequena ao invés de ficar em casa. Oi? Pra mim, minha presença de mãe é mais importante do que qualquer cifrão!

E quando conheci uma pessoa - fora da zona - e me envolvi? Eu era chamada de vagabunda, pois preferia estar dando de graça do que estar lá. Na verdade eu estava apenas vivendo minha vida pessoal. Direito de todos, ne?

Quando alguma de nós reclamava, a resposta dela era a mesma:
-Menina pra trabalhar é o que mais tem.

Uma vez ela expulsou uma menina aos berros, jogando as coisas dela todas no meio da rua. Tudo isso porque o namorado/noivo/sei lá da garota, estava na cidade e ela precisava ir embora.

Com o tempo fui ficando mais esperta, e não deixei mais nenhuma cafetina/cafetao tomar tanta liberdade.
Já vi cafetina explorar menina pedindo pra ela limpar, lavar banheiro, e tudo mais. Pera aí! Se tá ganhando em cima do programa, o MÍNIMO que tem que fazer é manter um local limpo para as garotas trabalharem.
Reclamam se a garota fica doente. Se está abalada psicologicamente, é frescura! E assim o abuso vai acontecendo...

Como falei, não generalizo. Sempre existem pessoas legais, e outras nem tanto. Mas na maioria das vezes, a relação acaba quando cortamos laços profissionais. Sabe aquela velha história de "acabou o dinheiro, acabou a amizade"? É bem por aí!

Lenocínio é uma prática criminosa que consiste em explorar o comércio carnal alheio, sob qualquer forma ou aspecto, havendo ou não mediação direta ou intuito de lucro (cafetinagem). No Brasil é crime segundo os Artigos 227 a 230 do Código Penal e não se confunde com prostituição.

2 comentários:

  1. Bem, comportamento típico de patrões em cima dos trabalhadores, que enxergam apenas como força de trabalho que deve dar o máximo de lucro. Lendo descrições assim me parece que a legalização da prostituição pelo menos propiciaria maiores possibilidades das trabalhadoras se defenderem dessas formas de assédio.. ou não.. não sei :)
    Eu tive uma vez uma experiência de um cafetão batendo na minha porta (sou cliente). Quem sabe um dia te conto pessoalmente. Só sei que depois desse dia peguei aversão total a cafetões e afins. Percebi o tipo de exploração semi-escrava que havia por trás. Decidi que nunca mais sustentaria esse tipo de 'comércio'. Embora em privês ainda dou as caras de vez em quando.

    ResponderExcluir
  2. Eu sou garota de programa iniciante. Já trabalhei em 4 zonas diferentes (fiquei pouco tempo nelas) e aprendi que cafetinas mulheres gostam de chantagear psicologicamente. Já os cafetões homens assediam e até estupram garotas. Minha última boate só tinha funcionários homens e dois deles, vendo a minha fragilidade de iniciante, gostavam de me empurrar bebidas alcoólicas para tentarem sexo comigo. Eu ficava com medo. Muitas vezes bebi pois não conseguia chegar nos clientes sóbria. Cansei deles e saí de lá. Tô procurando outra zona.

    http://www.conflitoseatritos.com.br

    ResponderExcluir