No último post comentei algo sobre nunca ter usado drogas com clientes. Isso é verdade, e posso dizer que é um fato do qual me orgulho, tendo em vista meu passado.
Cresci numa casa onde cada um tinha seu vício. Meu pai era alcoólatra, frequentou o AA durante um tempo e chegou até a se internar em clínicas de reabilitação, mas sempre tinha recaídas e esse era um problema que afetava muito nossa convivência familiar.
Minha mãe tinha depressão, e acabou se viciando nos remédios tarja preta. Eu já estava acostumada com os altos e baixos dela, e sempre a ouvia falando que estava fazendo um tratamento para a depressão e por isso precisava tomar tantos remédios. Só descobri que as coisas estavam fora do controle no dia que a encontrei morta.
Desde nova sempre fui curiosa em relação a drogas. Experimentei tudo o que me ofereceram - e o que não ofereceram também - e cheguei ao extremo em algumas das minhas experiências. Não é nada que eu me orgulhe ou ache bonito , longe disso! Mas faz parte da minha história, entao fazer o quê?
Posso dizer que altos e baixos da minha vida tiveram muito a ver com meu envolvimento com a cocaína e falta de controle sobre mim mesma - principalmente.
Quando decidi começar a fazer programa eu já tinha passado a pior fase. Já tinha torrado uma boa quantia que recebi de herança e tido um horrível início de overdose. Definitivamente não era isso que eu queria pra mim.
Na primeira conversa com a cafetina o assunto veio à tona e ela comentou que grande parte dos clientes usam alguma coisa.
Naquele momento eu decidi que não iria cair na tentação. Estava começando a fazer programa pra "mudar de vida" e sabia que se voltasse a usar, todo meu esforço seria em vão. Eu não queria me tornar uma dessas garotas que fazem programa para sustentar o vício.
No primeiro ou segundo dia já atendi um cara que começou a cheirar no quarto. Me ofereceu várias vezes, e por mais que houvesse uma certa vontade, me mantive firme. Com o tempo vi que aquilo seria rotineiro. Muitos clientes cheiravam, e eu me acostumei com isso. Alguns passavam horas e horas no quarto usando droga e tentando fazer sexo (isso é, quando tentavam!!).
Conheci clientes que eram totalmente viciados, do tipo que torravam tudo e já eram conhecidos, e outros que nem de longe pareciam usar alguma coisa.
Vi poucas meninas usando. Na verdade nunca cheguei a ver nenhuma, mas sabia que algumas gostavam - apesar de nunca terem falado abertamente.
Rola? Claro que rola! Mas talvez por eu não usar mais, acabava "por fora" sem saber o que realmente acontecia.
Algumas não tinham como disfarçar: a cada vinda do banheiro voltavam mais falantes e "fungando" mais do que o habitual - daquele jeito que quem conhece os efeitos nota de longe.
Muitas gostavam de usar drogas sintéticas também, ficavam super animadas pra trabalhar - e algumas ficavam chatas com tanta energia, ou muito fora da casinha.
Não julgo ninguém. Aprendi que tudo que em excesso faz mal, não importa o que seja.
O grande problema que eu vi e presenciei MESMO na noite foi o alcoolismo. Tem muita menina alcoólatra!
Eu vou deixar pra escrever a respeito no próximo post, porque já começo a lembrar de algumas historias sobre a "mardita"!
Postagem muito bem explicada parabéns por ter largado esse vicio que mata milhares de pessoas no mundo
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