terça-feira, 8 de março de 2016

Paranóia

Certa vez me perguntaram em um comentário aqui no blog qual foi o pior atendimento que já fiz. Confesso que entre tantos, fica difícil eleger o melhor e o pior, mas não pude deixar de lembrar de um caso que aconteceu a um tempo atrás.

Foi na época que eu trabalhava a noite. A noite é cheia de bêbados e drogados, então inevitavelmente acontecem algumas situações meio chatas vez ou outra.

O cara chegou e me escolheu. Não aparentava estar transtornado, nem nada disso. Negociamos o cachê e fomos para o quarto. Assim que entrou no quarto pediu uma dose de Whisky e jogou uma peteca bem gorda de cocaína sobre o criado mudo.

-Quer cheirar?
-Não, obrigada. - Recusei educadamente.

É muito comum acontecer isso na noite (clientes que usam drogas, e que nos oferecem). Perdi as contas de quantas vezes aconteceu (e nunca caí na tentação - bom, não com os clientes [assunto para outro post]).
Alguns nem conseguem fazer nada quando estão sob o efeito do pó, ficam falando/espiando/cheirando/bebendo, enfim, são poucos os que realmente conseguem manter uma ereção e gozar.

O cliente em questão sentiu-se bem a vontade e começou a usar seu pó branco. Até aí tudo bem, o nariz é dele, faça o que quiser - desde que esteja pagando pela minha companhia rs.
Ele começou a contar que estava se separando, que ele e esposa estavam brigando na justiça, essas coisas...
Ficamos umas 3 horas no quarto (sem nem ao menos tirar a roupa), até que o dinheiro dele acabou. Aí que começou o problema.
Ele cismou que a esposa estava no lado de  fora esperando ele com a Polícia. Se encolhia no canto da parede e espiava pela cortina. Não tinha NINGUÉM, mas ele jurava que estava vendo. Resultado: não queria sair do quarto.

O horário tinha encerrado, ele não tinha mais dinheiro, e eu não conseguia convencê-lo a sair. Era uma noite de muito movimento na casa, tinha show com umas strippers de fora, e ninguém se deu conta que meu tempo havia estourado (geralmente batem na porta ou ligam para avisar).
Ao mesmo tempo que ele não queria sair, também não parava de cheirar - e cada vez ia ficando pior.
Continuei tentando convencê-lo que não tinha ninguém na rua, e que eu realmente precisava sair do quarto. E aí o sujeito simplesmente tirou a chave da porta!

Respirei fundo e falei que se ele não abrisse, eu iria começar a gritar. E então ele apertou meu braço tão forte que fiquei uma semana com manchas roxas. Ele apertava e mandava eu ficar quieta. Não me deixava chegar perto da porta e nem do interfone.

A essa altura eu já estava bem assustada, e havia percebido que ficar falando e insistindo só iria piorar as coisas.
Falei pela última vez que não havia ninguém, e expliquei calmamente que eu precisava sair do quarto. Fui tomar um banho e me arrumar, pensando no que iria fazer. Eu estava com medo de ele ficar mais agressivo do que já estava.

Por sorte, Deus, ou destino, quando saí do banho ele estava se preparando para sair do quarto também, e eu respirei aliviada. Não sei o que poderia ter acontecido naquele quarto, mas agradeço até hoje pelo fato de ele ter mudado de ideia.

Posso entender perfeitamente os motivos que levam a esposa a pedir separação. Eu hein!

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