-Nossa! Quando o J te ver vai ficar louco. Ele costuma ficar horas e horas no quarto, é um cliente muito bom. - dizia a cafetina nos meus primeiros dias de trabalho.
J era um cliente conhecido nas madrugadas da casa de massagem assim que comecei a trabalhar.
Paralelamente, eu ouvia outras garotas falando:
-Ah, eu odeio atender o J. Ele é irritante.
E outras:
-Eu adoro, só fico lá deitada e deixo ele falar.
As opiniões eram divididas, algumas diziam que ele era querido, outras o achavam maluco, e eu - que estava iniciando "carreira" na putaria não conseguia imaginar o que esse tal J tinha de diferente.
Eu perguntava e ninguém me contava nada demais, o J era meio que uma piada interna:
-Ele é tranquilo. Quando você conhecer vai entender. - Algumas me falavam.
Até que pela terceira ou quarta noite o tal do J chegou. Devia ter entre 35 e 40 anos, alto, ruivo, e bem elegante.
A cafetina estava certa: ele gostou de mim, e me escolheu para irmos ao quarto.
Entramos, trocamos algumas palavras, e ele perguntou se eu me importaria se ele cheirasse cocaína ali. Eu deixei, afinal eu já tinha percebido que aquela cena seria mais comum do que ele mesmo podia imaginar.
Ele cheirou, sentou na beirada da cama ainda de roupa e começou a conversar.
Disse que gostava de curtir o momento, que nem sempre chegava a transar com as meninas. Pediu pra que eu não tirasse minha roupa, e então ele mesmo tirou meus sapatos e eu comecei a entender porque as meninas riam tanto ao falar nele.
Começou a fazer massagem nos meus pés e falava:
-Oxiiii... Que péjinho munito menina! - com a voz de bebê mais enjoada que você puder imaginar.
-Xabe Juju, eu goxtu muito muito muito di converxar...
E seguiu me fazendo perguntas bem banais tendo em vista o ambiente que nos encontrávamos, como comida preferida, tipo de filme, etc. Cheirou cocaína e conversou (com voz de bebê) durante umas 3 horas seguidas.
No início eu achei que poderia ser um nojento com tendências pedofilas, mas ele não falou nada sobre sexo em nenhum momento - e nem tiramos a roupa. Apenas falava comigo e fazia carinho nas mãos e pés, não aparentava excitação sexual nenhuma.
As vezes me dava vontade de rir ao ver aquele homem falando daquele jeito. Mas eu me continha, afinal vai saber a reação da criatura, né? Eu ia dando assunto, e deixando ele falar.
Ele continuou frequentando a casa durante um bom tempo. Na grande maioria das vezes a cena se repetia: conversava por horas com voz de bebê (só ele, claro haha). Acho que transamos uma vez só, quando ele apareceu falando normalmente - nem parecia o mesmo J.
Em todas as vezes, já no final do atendimento (quando a droga tinha acabado), ele começava a se arrepender por estar ali, falava que estava gastando muito dinheiro e as vezes até chorava.
A depressão não durava muito, pois sempre sumia por no máximo um mês.
Depois que saí de lá nunca mais vi o J, e nem sei que lugar anda frequentando.
Nunca tive coragem de perguntar se ele não achava interessante procurar um psicólogo ou analista. Mas no fim das contas torço pra que esteja bem e, quem sabe, recuperado. Pois apesar de toda aparente loucura, sei que ele era uma boa pessoa!
Kkk q loucura ele pagava por3 4 hrs só pela companhia então? Nossa cada doido
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