sexta-feira, 10 de abril de 2015

Rodando Bolsinha

Quase 5h da manhã, e eu aqui de calcinha e sutiã fumando um baseado com o notebook no colo.
Faz 6 meses que trabalho como garota de programa, e posso garantir que não é um dinheiro fácil. Mas como sempre falo: é um dinheiro rápido.
Fiz muita burrada na minha vida mas quando me vi com 25 anos, em um quarto úmido e mofado, há quase 2 meses sem ver minha filha, apanhando e vivendo praticamente refém de um relacionamento doentio, resolvi que era hora de fazer alguma coisa pela vida. Eu decidi que precisava ganhar dinheiro, pois andava numa fase que trabalhava hoje pra comer amanhã, e olhe lá. Havia acabado de sair de uma lanchonete, mal tinha dinheiro pra pagar o aluguel, e estava há tempo empurrando a vida com a barriga (uma hora vai melhorar, mas atitude que é bom nada). Arranjei 60 reais emprestado, e comprei formas e chocolates para fazer trufas, e saía todo dia para vendê-las. Mas o dinheiro das trufas não estava sendo suficiente. E então numa bela noite eu decidi ser puta. Não sou feia. Um amigo já havia me dado a idéia, mas me faltava coragem. Só que como dizem por aí, gato com fome lambe até sabão... Eu já tinha dado pra tanto mala por carência, que ganhar dinheiro pra fazer sexo não podia ser tão difícil assim. Comecei a ler blogs, sites, ver filmes, e reunir todas as informações possíveis sobre a prostituição. E quanto mais eu lia a respeito, mais coragem me dava.
Tanta menina faz isso, eu também posso conseguir.
Um dia fui na lan-house, pesquisei por "casa de massagem centro de Florianópolis", e liguei perguntando algo como "precisa de gente pra trabalhar?". Já no primeiro telefonema a resposta foi positiva, peguei o endereço e fiquei de passar lá a tarde.
Não tinha noção do que estava me esperando. No caminho tentava imaginar, os pole-dance, as mulheres estilo panicats peladas e lindas, a cafetina poderosa cheia de ouro, e tudo o mais que se espera na primeira vez que se vai em uma zona.
Levei minha caixa de trufas pra ir vendendo no caminho. Quanto mais perto chegava, mais frio na barriga me dava. "Vai dar certo. Vai dar certo. Vai dar certo". Cheguei no endereço indicado, uma casa azul bem no centro de Florianópolis, em meio a prédios residenciais e lojas comuns. Quando toquei a campainha uma menina bem magrinha e com o olho super carregado de maquiagem verde limão me atendeu. Corta a idéia das panicats. A casa nada mais era que uma sala com dois sofás, tinha um barzinho e 2 portas que eram os quartos. Nada de pole-dance. E lá veio a cafetina, com o cabelo em um coque de ficar em casa, uma bermuda manchada de Ki-Boa e uma camiseta de alguma banda de rock. Ok, a cafetina não é tão chique como eu imaginava. Fomos no bar, e ali ela me explicou como funcionava a casa, os horários, e os valores. R$70 meia hora e R$140 uma hora. Metade pra menina, metade pra ela.
"É muito pouco", pensei. "É, mas se você fizer 10 de meia hora por dia já são R$350" ela me respondeu. Ganhar R$350 por dia, na época, era incrível pra mim e eu não tinha noção de como consumia energia transar com 10 homens por dia!
Topei, e fiquei ali por 4 meses...