quinta-feira, 28 de julho de 2016

Nojo e Preconceito

Esses dias uma criatura me chamou no Whatsapp pedindo informações sobre meu atendimento, e depois perguntou se poderia penetrar sem camisinha. Minha resposta foi óbvia: é claro que não!
Ao ser questionada "porquê não?", respondi que se ele não tem amor a vida e a família eu tenho.
Imagine só, sair transando sem camisinha por aí! 
E foi aí que tive uma resposta do tipo:
"Se você se preocupasse com a família não seria puta".

Não perdi meu tempo e nem gastei meus dedos digitando alguma resposta, apenas bloqueei - uma pessoa que até hoje não aprendeu a respeitar os outros e a ter humildade só aprende com a vida (isso é, SE aprender). Discutir não adianta quando a ignorância está falando...
O pior é que isso não é um caso isolado. Claro que nem todos os dias recebo esse tipo de mensagem (graças), mas o preconceito existe e já falei dele por aqui.

Tem homens que inclusive procuram garotas de programa, mas no fundo são cheios de preconceito. Tipo um "nojo", sabe?
Já atendi homens que mal encostaram em mim, como se eu tivesse uma doença contagiosa. E fazer sexo sem encostar em alguém é tipo colocar a pessoa de 4 na beirada da cama, meter, gozar, e ir embora. Muitas vezes sem trocar nem uma palavra direito.

Também já me perguntaram se meu noivo tem coragem de transar comigo sem camisinha. Oi? Gente, o fato de eu ser GP não me torna uma doida que sai dando pras pessoas sem preservativo. Tenho certeza que me cuido muito mais do que muitas mulheres que nunca colocaram o pé em uma zona, como eu coloquei um dia.

É muito ruim quando esse tipo de coisa acontece, me faz ver que existem pessoas com pensamentos bem primitivos ainda.
Mas num mundo em que as pessoas odeiam alguém por ser gay, ou negro, ou de uma religião/opinião diferente - e milhares de outros fatores, não é de se espantar que exista esse preconceito e pensamentos errados sobre as GPS.

Minha opinião (e quem sabe dica) é a seguinte:
Se você tem nojo de encostar em uma garota de programa, não procure uma. (Compre uma boneca inflável ou bata punheta).
Se você acha que a GP vai transar/chupar/beijar outro e depois disso não vai tomar banho/escovar os dentes, não a contrate. (A menos que esteja procurando uma GP de profissionalismo duvidoso)
Se você acha que a GP é uma pessoa errada, sem idéias, sem vida pessoal, sem noções de saúde/higiene, não marque nada. (Até porque uma mulher assim provavelmente não seja uma boa companhia).

Agora, se você viu anúncios, ou foi em um local/boate/casa de massagem e ESCOLHEU uma mulher, NÃO a trate mal, NÃO a trate como um ser inferior.
Gentileza gera gentileza.

Obrigada, de nada!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Páginas Do Meu Diário

Tenho um caderno, desses grandes de matéria, que me acompanha desde meados de 2014 quando comecei a trabalhar.
Não escrevo nele todos os dias, mas de tempos em tempos. Em alguns momentos com mais frequência, outros com menos. Já fiquei mais de um mês sem escrever.
Nem sempre leio o que escrevi, mas as vezes é gostoso voltar no tempo, e ver como a gente melhora e se supera se tiver força de vontade.
Tenho muitas coisas escritas ali, momentos bem pessoais, bons e ruins.
Encontrei esse texto no início do caderno, escrevi nos primeiros meses de trabalho - ainda na casa de massagem.
Gostei de reler esse texto, pois eu estava despertando para a vida e superando meus próprios fantasmas. Foi o início da minha mudança interna!

02 de Dezembro de 2014

"Guarde a seriedade para momentos realmente necessários, como mortes, separações e afins" (Arnaldo Jabor)

-Decidi fazer isso da minha vida. Já passei tanta situação, fiz cada besteira, vivi tanta coisa que daria até pra escrever um livro. 
Já "cai" inúmeras vezes, pensei que TUDO ia acabar. Já mudei de ideia, e perdi tempo com TANTA coisa desnecessária que hoje não saio do sério tão facilmente.
Quando a gente começa a entender melhor a vida e respeitá-la, as coisas começam a fluir. Deve ser isso que está acontecendo comigo. De repente, o universo começou a conspirar a meu favor. Acho que ele já conspirava, eu é que andava no sentido contrário!
Aprendi (até que enfim) que muitas vezes sofremos sem necessidade. Nos desesperamos, perdemos tempo, deixamos de viver por coisas passageiras - que daqui a pouco não farão diferença alguma.
Aprendi também que ninguém tem o direito de controlar ninguém. Não temos poder sobre a vida do próximo, e nem os outros podem ter poder sobre nós.  Deixei de fazer muita coisa por causa de relacionamentos doentios. Hoje sei que a pessoa certa vai me amar do jeito que eu sou, e querer me ver progredindo.
Resolvi pensar mais em mim, nos MEUS sentimentos, no que EU quero da vida.
E é por isso que vou lutar!


quarta-feira, 13 de julho de 2016

Cliente J

-Nossa! Quando o J te ver vai ficar louco. Ele costuma ficar horas e horas no quarto, é um cliente muito bom. - dizia a cafetina nos meus primeiros dias de trabalho.

J era um cliente conhecido nas madrugadas da casa de massagem assim que comecei a trabalhar.

Paralelamente, eu ouvia outras garotas falando:
-Ah, eu odeio atender o J. Ele é irritante.
E outras:
-Eu adoro, só fico lá deitada e deixo ele falar.

As opiniões eram divididas, algumas diziam que ele era querido, outras o achavam maluco, e eu - que estava iniciando "carreira" na putaria não conseguia imaginar o que esse tal J tinha de diferente.
Eu perguntava e ninguém me contava nada demais, o J era meio que uma piada interna:
-Ele é tranquilo. Quando você conhecer vai entender. - Algumas me falavam.

Até que pela terceira ou quarta noite o tal do J chegou. Devia ter entre 35 e 40 anos, alto, ruivo, e bem elegante.
A cafetina estava certa: ele gostou de mim, e me escolheu para irmos ao quarto.
Entramos, trocamos algumas palavras, e ele perguntou se eu me importaria se ele cheirasse cocaína ali. Eu deixei, afinal eu já tinha percebido que aquela cena seria mais comum do que ele mesmo podia imaginar.
Ele cheirou, sentou na beirada da cama ainda de roupa e começou a conversar.
Disse que gostava de curtir o momento, que nem sempre chegava a transar com as meninas. Pediu pra que eu não tirasse minha roupa, e então ele mesmo tirou meus sapatos e eu comecei a entender porque as meninas riam tanto ao falar nele.
Começou a fazer massagem nos meus pés e falava:

-Oxiiii... Que péjinho munito menina! - com a voz de bebê mais enjoada que você puder imaginar.
-Xabe Juju, eu goxtu muito muito muito di converxar...

E seguiu me fazendo perguntas bem banais tendo em vista o ambiente que nos encontrávamos, como comida preferida, tipo de filme, etc. Cheirou cocaína e conversou (com voz de bebê) durante umas 3 horas seguidas.
No início eu achei que poderia ser um nojento com tendências pedofilas, mas ele não falou nada sobre sexo em nenhum momento - e nem tiramos a roupa. Apenas falava comigo e fazia carinho nas mãos e pés, não aparentava excitação sexual nenhuma.
As vezes me dava vontade de rir ao ver aquele homem falando daquele jeito. Mas eu me continha, afinal vai saber a reação da criatura, né? Eu ia dando assunto, e deixando ele falar.

Ele continuou frequentando a casa durante um bom tempo. Na grande maioria das vezes a cena se repetia: conversava por horas com voz de bebê (só ele, claro haha). Acho que transamos uma vez só, quando ele apareceu falando normalmente - nem parecia o mesmo J.
Em todas as vezes, já no final do atendimento (quando a droga tinha acabado), ele começava a se arrepender por estar ali, falava que estava gastando muito dinheiro e as vezes até chorava.

A depressão não durava muito, pois sempre sumia por no máximo um mês.
Depois que saí de lá nunca mais vi o J, e nem sei que lugar anda frequentando.
Nunca tive coragem de perguntar se ele não achava interessante procurar um psicólogo ou analista. Mas no fim das contas torço pra que esteja bem e, quem sabe, recuperado. Pois apesar de toda aparente loucura, sei que ele era uma boa pessoa!

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Nem Pagando

"Nem pagando", esse é o termo que eu usei para muitos clientes na noite. São clientes que simplesmente não dava de atender, por N motivos.
Eu nunca fui de ficar escolhendo cliente por aparência, e até já falei sobre isso aqui. Mas atender cliente mal educado, grosseiro ou porco, não dá mesmo.

No início, atendi muitos que hoje não encararia novamente, algumas criaturas que apareciam de madrugada na casa de massagem, ou até mesmo nas boates, exalando cigarro e cachaça eram monstruosas em todos os quesitos. Eu era inexperiente, e não sabia que podia simplesmente negar quando um cliente me escolhesse - não queria que a cafetina me criticasse (e ela era muito boa nisso) e muito menos queria criar confusão com o sujeito em questão.

Aos poucos fui aprendendo a me impor, descobri que não era pelo fato de ser garota de programa que precisava me sujeitar a qualquer coisa, e comecei a me dar o devido respeito.
É inacreditável como alguns homens acham que pelo fato de estarem pagando por um programa podem tratar a mulher como um objeto, e acredite: os que menos pagam, são os piores. Geralmente (nem sempre) os que pagam mais sabem agradar uma mulher - ou ao menos se esforçam pra isso.

Certa vez simplesmente parei de aceitar esse tipo de coisa. Já tinha percebido que nem todos seriam agradáveis, mas alguns não dava de tolerar mesmo. Foi quando comecei a dizer não, a mandar ir embora se necessário.

A primeira vez que isso aconteceu o cliente me entregou o dinheiro, foi tirando a roupa e mandou eu ficar de 4 na beirada da cama. Eu tentei puxar um assunto, quebrar o gelo, e ele disse:
-Não vim pra conversar. Aluguei você por meia hora, não foi? Fica de 4 aí. 

Me senti o lixo dos lixos. Aluguei você, aquelas palavras ecoavam na minha cabeça. Não entendo como as pessoas não enxergam o outro ser humano ali, na sua frente.
Falei que não trabalhava dessa forma, que tudo bem que ele estava pagando (uma miséria por sinal), mas eu não precisava ser tratada daquela maneira. Devolvi o dinheiro e saí do quarto. Antes disso mandei ele tomar no orifício anal.

Outra vez o cara tirou a roupa e o "cheiro" de axilas infestou o quarto. Perguntei se ele queria tomar um banho e ele disse
-Depois eu tomo, se der tempo. Tô pagando meia hora e quero fuder primeiro.
Engoli seco, e falei que o cheiro estava forte (era impossível que ele não tenha notado).
-Tomei banho ontem a noite, antes de sair de casa.
Ele me disse isso na maior cara de pau. Era sábado, quase 15h. Ele tinha tomado banho na sexta a noite! No mínimo ele estava virado, sem dormir, e como se não bastasse ainda se achou na razão.
Foi reclamar para a cafetina, falando que ela deveria colocar ordem nessas meninas. Como se fôssemos animais, ou sei lá o que.
Bati o pé e falei que realmente não atenderia.
Uma pessoa nojenta (em todos aspectos) como essa, nem me pagando muito bem.

Já na boate, conversei com um senhor e acertamos o cachê para ir pro quarto. Eu havia deixado bem claro que não faço sexo anal, e na hora H ele começou a insistir, forçando a barra. Até que parei tudo e falei que não era isso que a gente havia combinado.
Tive que ouvir ele me falar coisas horríveis, dentre elas que eu não servia nem pra puta - pois dar o ** deveria ser minha obrigação.
Eu precisava muito daquele dinheiro, mas eu preferi devolver a me deitar com um ser assim.

Nos dias atuais, que considero meu "auge" em termos de clientes, a maioria se encaixa mais no perfil "daria até de graça" - gracias! Em sua grande maioria são legais, cheirosos, educados e principalmente: conseguem enxergar o ser humano alem-vagina.
Bom se sempre fosse assim, comigo e com todas. Mas no fundo acho que sempre existirão aqueles que não merecem a companhia e o toque de uma mulher - nem pagando!