sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Adios, 2016!

2016 está se encerrando, e é claro que eu vou fazer um post estilo retrospectiva hahaha!
Até porque esse foi um ano bem marcante. Começou com conquistas, terminando de ajeitar o ap/kitnet que eu aluguei no finalzinho de 2015.
Começar a atender sozinha foi um grande passo pra mim. Meu local nunca foi luxuoso, mas era bem aconchegante, e eu confesso que sinto um certo orgulho de tê-lo conquistado. Tendo em vista a situação de onde saí, me ver mantendo um apartamento para clientes ao mesmo tempo que iniciava a construção da minha casa me fez enxergar que Sim, eu consigo!, e sério, essa sensação é muito boa!

A metado do ano foi meio tensa. Tive uns dias bem cinzentos. Faltavam poucos meses para pendurar as calcinhas e a ansiedade tomou conta de mim. Eu estava aqui pensando lá, não conseguia viver o hoje, pensando no amanhã. Fazer programa foi ficando cada vez mais complicado. Muitas vezes dormi ou acordei chorando, me sentindo pesada, confusa. Às vezes passava o dia inteiro olhando pras paredes e comendo feito um leão dentro do ap. Mas enfim, esses dias são necessários pra que a gente possa valorizar os bons. Adorava os clientes que iam mais pra conversar do que transar. Vocês são ótimos! Obrigada por todos que lembravam que existia uma pessoa por trás da "Juliana Ramos", no final isso era muito importante pra mim. 😊

Me aposentei. Me fez bem. Meu ciclo como Juliana já estava predestinado a isso.
Tudo está novo, está bom, está gostoso, está fluindo.
Foi um ano de reencontros na minha vida pessoal, de voltar a ter contato com algumas pessoas que eu não via a mais de 10 anos. Pessoas de diferentes épocas voltaram pra minha vida, e isso me fez ver que realmente tudo acontece como tem que acontecer! Estou adorando essa nova vida, e sou grata a 2016 por isso, por ter sido (já no final do ano) o começo da minha nova história.

Que 2017 seja ainda melhor! Paz e saúde pra todos! 🍀

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Tapa na Cara

Uma das coisas que me incomodava muito nesse tempo que trabalhei como GP, era a falta de semancol de alguns clientes. Aquele tipo de pessoa sem noção, sabe?

Eu sempre achei desnecessário falar para algum cliente que não estava mais afim de atendê-lo. Geralmente quando a pessoa não atende mais e/ou não retorna suas mensagens, ela não está afim. Mas existem pessoas que não percebem isso tão claramente, e se tornam chatas.

Eu desisti de poucos clientes. Alguns não eram muito agradáveis, mas só apareciam de vez em quando, então eu suportava numa boa um certo mau hálito, suor em excesso, ou assuntos estranhos. Até uma grosseria ou clientes antipático a gente atura de vez em quando... Business!! O problema é aturar isso com frequência, os atendimentos com clientes desagradáveis  se tornam torturantes, então eu começava a evitar. Nada pessoal!

Mas como o assunto inicial é a falta de semancol, não poderia deixar de citar um "causo".
Cliente bonitão, uns 40 anos, tipo galã de novela. Bem vestido, viagens pro exterior frequentes, essas coisas.
Daí ele começava a transar e quebrava todo o encanto.

Suava demais, do tipo que pinga em cima da gente. Queria que eu gozasse 20 vezes em meia hora, transava em posições estranhas e sufocantes, pedia desconto, e SEMPRE insistia em comer meu cu (e eu NÃO fazia programa completo, e ele sabia disso!!).

Estivemos juntos algumas vezes antes de eu decidir parar de atendê-lo.
Bloqueado no Whats e chamadas encaminhadas para lista de rejeição - tudo OK!

Dias depois meu celular toca. Cliente novo, pedindo informações sobre atendimento e cachê, endereço, ponto de referência. Horário marcado!

Quando abro a porta, quem é???
Ele mesmo! O fulano que eu bloqueei de tudo! 😨

-Tá me evitando é Juliana?

Eu com aquela vontade de dizer "SIM!!!", mas lembrei que estava sozinha com ele em um apartamento/kit net, e que ele era professor de Jiu Jitsu e já havia me dado sinais de transtorno, além de estar quase sempre sob efeito de cocaína.

-Eu? Nãooo! Deve ser desencontro de horários! - Disfarcei.

E lá fomos nós pra mais um programa. E aí ele insistiu nessa história de eu estar o evitando, ficava falando isso no meio da transa. Como se não bastasse, ele gostava de dar uns tapinhas, e dessa vez me deu um TAPÃO no rosto, no meio do sexo, e continuou fudendo como se não fosse nada. Que raiva!

Fiquei sem reação na hora. Respirei fundo. Medo de falar alguma coisa e a situação ficar pior - perigos de atender sozinha! Me segurei, e fingi que aquele tapa fazia parte do sexo mesmo.
Quando ele saiu chorei, chorei muito. De raiva, de nojo, de medo.
Sim, eu podia fazer um escândalo. Com certeza iria apanhar e/ou perder meu local (que era ótimo!!) por causa da confusão.
Preferi respirar fundo e deixar passar, mas sei que aquele tapa não foi de tesão. 

Se você, que me deu esse tapa, estiver lendo essa mensagem, desejo que tome no meio do seu cu, e que lendo esse post se dê conta de como você poderia ser um ótimo cliente e se tornou extremamente desagradável.



E aos demais, que leram mais esse causo, acho que já perceberam que não era uma vida fácil como muita gente pensa, ne? Rsrs!

Ainda bem que o que não nos mata, nos fortalece! 😊

😙 Beijo especial aos queridos e queridas que comentam aqui, ao meu pessoal do Facebook (não bloqueei ninguém, excluí a conta), beijos para as meninas, galera do GP Guia, pessoas queridas que passaram pelo meu caminho... Boas festas!

❤❤❤

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Recuperada!



Várias vezes sentei em frente ao computador decidida a escrever algum texto para o blog, mas quem disse que a inspiração vinha?
Não por falta de assunto, pois tenho vários temas para abordar, mas depois de 2 anos e pouco vivendo nesse meio todo santo dia, minha cabeça realmente precisava de férias sobre tudo que é relacionado a prostituição.
Eu me dei esse tempo, merecidamente. Curti e estou curtindo a nova vida, a vida pós-putaria. Estou me saindo melhor do que eu imaginava, pontos pra mim!

Aquela busca louca por dinheiro cessou. Continuo precisando, como quase todo brasileiro hahaha. Mas não tanto como estava quando decidi me tornar GP.
Agora a minha busca tem sido pessoal, tentando me tornar um pouquinho melhor a cada dia, como pessoa mesmo. Aliás, isso é algo que recomendo a todas pessoas.

Desapeguei de todos os clientes. Sim muchachos eu sei que alguns ficaram chateados comigo, mas infelizmente não posso fazer nada a respeito. Afinal, todos tem sua vida, sua família, e nada mais justo que eu seguir a minha vida também, não é mesmo?
Aos que me apoiaram, torceram (e torcem) por mim, meu carinho especial. Gosto de pessoas que entendem que os caminhos são feitos para serem seguidos, e que cada um tem o seu!
Muitos disseram que não queriam que eu parasse, e dizem até que torcem pra eu voltar, e eu entendo o lado masculino transante de todos, mas convenhamos que não é uma vida que se deseja para uma mulher querida, né? 

Enfim, agora recuperada dessa jornada, volto a escrever no blog cheia de histórias pra contar.
Hoje passei só pra dar notícias mesmo 😉
Me aguardem!

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Pronto, falei!

Definitivamente, não existe fórmula mágica para um bom sexo. Tudo depende de química, sintonia, vontade, momento. O que um gosta, outro pode não gostar, e o que é bom com um parceiro, pode não ser tão agradável com outro. Não existem regras, não existem "caminhos secretos". Sexo é algo muito particular. Cada pessoa tem seu ritmo, seus fetiches, seus gostos.

Nesse período como GP vi, ouvi e vivi coisas que eu nem sabia que existia. Essa fase me ajudou a me conhecer melhor, a me soltar mais, a ter certeza do que curto ou não na cama (sofá, chão, pia, parede - ou qualquer outro lugar que der vontade).
Gosto de sexo, afinal uma boa transa faz bem, alivia o stress e as tensões, além de queimar calorias e deixar a pele ótima... Sem falar naquela sensação deliciosa da pegada, do corpo a corpo, e de bem estar após uma gozada. Mas estou longe de ser uma ninfomaníaca, não gosto de fazer sexo toda hora e nem com todo mundo. Preciso estar realmente afim, ser estimulada, e de preferência envolvida com o parceiro. Sexo casual nunca foi meu forte, gosto quando tenho alguma intimidade com a outra pessoa.
E, claro, sou uma mulher normal, tenho TPM, dor de cabeça, dias ruins, dias chatos, essas coisas.

O problema se der GP é que a gente não pode falar isso! E essa história de fingir estar sempre bem e cheia de tesão estava me sufocando como pessoa, porque é diferente de estar atrás de um balcão de loja fingindo estar bem. É transar com uma pessoa e precisar ser boa nisso sempre, pois um dia ruim pode te fazer perder um ótimo cliente! 
Como falar pra um cliente que "acabei de transar com um alemão de 2 metros que ficou 1 hora inteira metendo feito máquina. Tô afim só de conversar, pode ser?", tenho certeza que a maioria ficaria frustrado e me acharia péssima profissional, marcaria pra outro dia ou conversaria por 10 minutos e depois começaria a me alisar achando que acenderia "a chama do tesão mágico" instantaneamente. Desculpa gente, mas como profissional muitas vezes precisei fingir prazer, afinal os homens procuram por uma mulher safada, que está sempre afim de dar loucamente e pronta pra gozar! Essa é a imagem que vende! O jeito é colocar um sorriso no rosto e gemer gostoso, mesmo nos dias mais cinzentos.

Também pude perceber que muitos homens não se importam verdadeiramente com o prazer da mulher. Alguns realmente só metiam, gozavam e iam embora. Outros conversavam, eram carinhosos e realmente gentis. Mas no sexo mesmo, foram poucos os que realmente se preocupavam em notar ou perguntar o que eu gostava e não gostava na cama. (Por favor, não generalizem!) Claro que talvez agissem assim pelo fato de estarem pagando, mas eu não poderia deixar de comentar sobre esse fato, até para que fique como uma dica! Questionem, conversem, prestem atenção nos sinais que o corpo da mulher dá, conheça o corpo da mulher, respeite as vontades, quando a mulher não curte alguma coisa, mesmo se você "fizer com jeitinho", não vai ser bom. Obrigada!!

Pronto, falei!
Grande beijo e até a próxima!!

domingo, 30 de outubro de 2016

Valeu Arriscar



Por muito tempo me preocupei com a opinião alheia. Me preocupava com o que os outros pensariam de mim, ou o que falariam sobre a minha pessoa. Até que um dia despertei e cheguei a conclusão de que, realmente, é impossível agradar a todos - coisa que a gente sempre ouve, mas demora pra aprender!
Minha  vida mudou no dia em que comecei a fazer o que eu tinha vontade, a respeitar os meus próprios sentimentos, que tantas vezes foram tão negligenciados por mim.
Aprendi que a gente pode ser o que quiser, alcançar tudo o que desejar, e não importa o que você escolher para sua vida, sempre haverão pessoas contra e pessoas a favor. Não vale a pena se preocupar com a parte dos contra, acredite!

Quando decidi ser GP tinha um certo receio de que as pessoas descobrissem. Mas esse período foi tão transformador pra mim, que depois de alguns meses eu já estava pouco me importando pra isso. Algumas pessoas descobriram, mas nunca foi "uma bomba que estourou", porque eu nunca dei poder para o julgamento ou ofensas. Com certeza deve ter quem me critique, mas não são os que fazem diferença na minha vida, então foda-se! Hoje posso dizer que sou uma mulher bem resolvida comigo mesma. Me amo e me aceito do jeito que sou, tenho falhas e coisas a melhorar como qualquer pessoa que busca evolução, mas não me arrependo das minhas escolhas. Ser garota de programa nunca afetou meu caráter. Fiz pelo tempo que julguei necessário, e não sei se faria novamente caso precisasse, mas não me envergonho de um dia sequer. Me levantei, tendo em vista o fundo do poço que eu me encontrava antes, e isso é o que mais me importa. O meu bem estar, e o da minha filha.

Nesse tempo como GP, tendo contato com tanta gente todos os dias, conheci muitas pessoas que vivem passando vontade. Vivem preocupadas com as opiniões dos outros, e muitas vezes vivem em relações que não os fazem felizes, por puro comodismo. O comodismo é inimigo da felicidade. É quando a pessoa se conforma em passar a vida pensando que seria legal se fizesse tal coisa, ou na verdade gostaria de ter outra profissão, ou não devia ter me casado com essa pessoa. Não arriscam, não mudam, se conformam em viver lamentando as escolhas erradas, ou que já não parecem tão certas como antes. Não levam a vida como realmente gostariam. Vi muitos e muitos casos de casamentos infelizes que se mantém apenas por aparência, por causa de dinheiro! Gente, isso é loucura! É abrir mão da própria felicidade, pra não abrir mão de dinheiro, de bens materiais. Pelo menos no meu ponto de vista! Qualquer hora vou falar melhor sobre algumas histórias cabulosas que ouvi a respeito.

Sabe... Foi bom não ter me preocupado com opiniões alheias. Foi bom ter pensado em mim mesma antes de qualquer outra pessoa. Foi transformador aprender a me amar, a me ouvir mais, a prestar atenção no que realmente me faz feliz, a reconhecer as coisas que me fazem bem e me são necessárias. Está sendo maravilhoso ver como as coisas fluem e se encaixam quando a gente começa a seguir o que diz nossa própria voz interior. Lá no fundo, a gente sempre sabe o que deve fazer. A gente sempre sabe o que realmente quer da vida, muitas vezes só falta força e coragem pra arriscar!

Ando assim, meio reflexiva, feliz e animada!
Mas no próximo post vou falar sobre um assunto que quase todo mundo gosta... SEXO!!

sábado, 22 de outubro de 2016

O Último Dia

Não! Você não entrou no blog errado! Aproveitei esses novos dias, mais calmos, para dar uma mudada por aqui. Vida nova, tudo novo, blog novo! Sejam bem-vindos!


Na sexta passada acordei com um frio na barriga mas com uma sensação ótima, de dever cumprido. Parecia que estava me formando ou algo do tipo, era uma fase se encerrando. Fase que, não posso negar, mudou muita coisa na minha vida.
Anunciei a antecipação da minha aposentadoria de uma hora pra outra e a última semana foi uma correria, telefone tocando toda hora e não consegui encaixar todos clientes na agenda.

Então o grande dia chegou. O último dia de atendimentos, último dia como Juliana Ramos. No fim daquela tarde eu me tornaria uma ex-garota de programa, mal conseguia acreditar nisso.
Atendi um cliente atrás do outro, com direito a uma pausa no meio da tarde para receber a visita de uma amiga, foi ótimo.

Não consigo descrever o que senti no decorrer do dia, só de pensar que iria começar uma "vida nova" meu coração já se agitava dentro de mim.

Faltavam apenas 2 clientes, e esses últimos atendimentos foram horríveis pra mim. Não sei se por falta de sorte ou por realmente não estar aguentando mais e querer que o tempo passasse rápido, me deu vontade de gritar, chorar e sair correndo enquanto sentia aquelas línguas e mãos passando por mim. Queria que o tempo voasse, queria sumir dali, queria gritar CHEGA!! SAI DE CIMA DE MIM QUE NÃO PRECISO MAIS DISSO! Hahaha, talvez não tenha sido tão ruim, mas minha ansiedade me deixou assim.

"É só mais esse" - eu pensava durante o último atendimento.
E então chegou a hora... O cliente tomou banho, se vestiu, e foi embora. Fechei a porta enquanto falava pra mim mesma: "acabou, acabou"!

Fui pro banho, e lavei a alma. Nem eu sabia que teria essa reação, mas comecei a chorar e rir ao mesmo tempo. Chorava de soluçar, e gargalhava junto, tão alto que parecia uma pombagira. Pensei que ia me dar um treco, mas foi ótimo!
Não sei quanto tempo aquele banho durou, mas foi o suficiente pra chorar e rir muito, ajoelhada debaixo do chuveiro deixando a água correr.

Fui pra casa com aquela vontade de gritar e pular no meio da rua, de alívio e alegria dessa vez.
Cheguei em casa e um champagne me esperava para brindar... Mais lágrimas e sorrisos - eu sou uma manteiga derretida mesmo. O amor e a cumplicidade fazem bem!

Diferente do que muita gente pensa, eu não parei de fazer programa porque casei. Já sou praticamente casada faz um tempinho. Claro que ter alguém ajuda e muito, mas depois de uns relacionamentos doentios que eu tive, jamais ficaria com alguém que ficasse me impondo condições. Chegou a minha hora de parar, simples assim. Optei por ser feliz e nada mais.

Não, não foi tudo ruim. Minha vida como GP não foi um pesadelo. Foram muitos altos e baixos emocionais, mas tive momentos ótimos, conheci pessoas maravilhosas entre garotas e clientes, dei muita risada, ouvi muitas histórias, muita coisa boa aconteceu nesse tempo, mas não estava me sentindo bem daquele jeito, já não era o que queria pra mim. Eu não queria mais ser puta! 

Hoje posso dizer que estou mais leve e feliz, me adaptando a nova rotina... E gostando muito!


Escrevo novamente em breve, ainda tenho muita coisa pra contar!
Grande beijo!

sábado, 15 de outubro de 2016

Era uma vez Juliana Ramos

Parece que foi ontem que bati na porta daquela casa de massagem, sem saber o que esperar do futuro. Eu queria mudar minha vida, precisava de dinheiro e isso era o que me importava.
Após apresentar algumas opções, escolhi Juliana como meu nome de guerra, e não podia imaginar que esse nome se tornaria praticamente minha segunda identidade.

Ah, Juliana! Vivendo com esse nome foi que descobri a força que existe dentro de mim, e tive certezas sobre o que eu quero pro meu futuro. Eu serei sempre grata por essa experiência e por tudo que essa fase trouxe pra minha vida.

Mas todo carnaval tem seu fim, e é com alegria e paz no coração que me despeço dessa tal de Ju, ao menos como GP (já que vou continuar postando no blog com esse nome).
É... Encerrei carreira um pouco mais cedo, 2 semanas antes do anunciado. Bem que eu gostaria de cumprir a data, mas sabe quando você sente que "deu o que tinha que dar" (literalmente, no meu caso, hahaha)?!

Há alguns meses eu já não estava com a mesma disposição para atender, perdi aquela empolgação de ver agenda cheia e chegar em casa com um maço de dinheiro, as vezes não agendava nada e ficava olhando pras paredes, lendo algum livro, dormindo, apenas esperando as horas passarem...

Muitas vezes amanheci desanimada, e não era raro ficar mais alguns minutos na cama apenas deixando as lágrimas rolarem, sem vontade de ir atender. Muitas vezes não fui.

São só mais alguns dias, só mais algumas semanas, está acabando... Eu pensava.
Mas pra quê? Já não consegui o suficiente? Não entrei nessa só pra sair da merda? Não to com as contas pagas e a geladeira cheia? Não fiz minha casa? Então, pra quê? 
No começo eu tinha certa pressa pra alcançar meus objetivos, tinha motivos pra enfrentar mais um dia fazendo programa, mas e agora?
Pra que continuar transando com tantos homens por dia? Pra que continuar me sujeitando a fazer sexo sem vontade, muitas vezes?
Só pra ter uns trocados a mais?

Não, realmente não tava curtindo isso. Essa não sou eu, felicidade vale mais do que dinheiro. Graças a Deus não sou uma pessoa tão gananciosa, o suficiente me basta e hoje eu estou longe do sufoco que passava quando entrei nessa vida.
Valeu a pena chegar até aqui, sinto orgulho de mim mesma por não ter desistido antes. Sempre prometi a mim mesma que não sairia dessa com "uma mão na frente e outra atrás", muito ou pouco mas posso dizer que consegui mudar minha vida. Não havia motivos pra continuar.

Resolvi seguir meu coração e parar por aqui mesmo, e agora volto a minha vida, mas com tudo muito diferente do que era quando comecei. Eu mesma, me sinto outra pessoa.
Hoje tenho novos sonhos, tenho planos e projetos, mas quero trilhar outros caminhos.
Esse é meu recomeço... Me sinto feliz demais, aliviada e extremamente grata.

Obrigada aos meus leitores e leitoras pelo tempo que tiram para ler essas coisas todas que escrevo. Obrigada por toda boa energia, por todos que torceram e torcem por mim, que conhecem minha saga desde o início...
Obrigada minhas amigas Bárbara, Isa, Suzi, Pri, Jessica, Emanuely, Gabriela e Julia Gauchinha, Mel, Dara, sucesso na vida de vocês e de todas as meninas que conhecem o "lado de lá" da prostituição! Nunca esqueçam que ninguém é melhor que ninguém, sejam vocês mesmas sempre e corram atrás dos seus sonhos!
A todos meus queridos clientes, todos os bons homens que cruzaram meu caminho durante esse tempo... Agradeço a todos que me trataram com respeito, carinho e que realmente me fizeram passar momentos bem agradáveis. Sinto por não ter cumprido o combinado de ir até dia 28, mas sei que vão me entender... É muito homem pra uma mulher só, não estava mais dando conta hahaha! Que fiquem as boas lembranças! :)

Acabou gente!
Daqui pra frente... Tudo vai ser diferente!


Até logo!

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Aprendi a Sonhar

Hoje não fui atender, fiquei em casa sozinha e aproveitei o tempo livre para respirar um pouco. Estamos em Outubro, faz pouco mais de 2 anos que eu me tornei garota de programa - e tem horas que nem eu mesma acredito nisso.
Não renovei meus anúncios pagos esse mês, estou mais devagar, aos poucos a "Juliana Ramos" está saindo de cena. Alguns dias me sinto leve, outros nem tanto. Às vezes bate ansiedade e preocupação, em outros momentos olho ao meu redor e vejo que não há com o que se preocupar... No fim das contas, fazendo um balanço geral, deu tudo certo! 

Me flagrei sentada na cama, com um cobertor gostoso e meu notebook no colo, e pensando no que vou comer depois... Pode soar engraçado ou simplório demais, mas um tempo atrás (antes de me tornar GP) eu não podia me dar esses luxos de ter um note ou comer o que dá vontade. 
Lá estava eu, em um quarto úmido, mofado, fazendo planos que nunca saíam do papel, passando apertos e dificuldades até mesmo pra me alimentar decentemente - não tenho vergonha de dizer, tentando sair de um relacionamento doentio e abusivo (é difícil fugir de um lado pro outro quando não temos dinheiro). Fiz muita besteira pra chegar naquele ponto, é verdade, mas sempre tive consciência de que não era aquela vida que eu queria. Eu sempre achei que algum dia as coisas iriam mudar, até que eu entendi que essa tarefa era minha. 

Hoje, com essa fase prestes a encerrar, posso dizer que sim, valeu a pena! Não foi um mar de rosas, tive muitos dias ruins, mas tive os bons momentos também. Conheci pessoas e histórias incríveis, precisei superar a mim mesma e enfrentar meus próprios fantasmas, e toda essa experiência me moldou como pessoa. Essa que é a graça da vida: estamos em constante aprendizado - é só querer aprender!

Ah - e o dinheiro? Sei que esse é um interesse geral, principalmente pras meninas. O dinheiro rolou sim. Rolou, rola, vai continuar rolando. A prostituição é um negócio praticamente certeiro se você estiver disposta a fazer isso dar certo.
Não consegui guardar tanto quanto gostaria, nem comprei tudo que planejei, mas valeu a pena. Eu estava literalmente zerada a 2 anos atrás. Larguei o quartinho úmido para ir morar na casa de massagem com apenas 2 mochilhas - e naquele momento isso era tudo que eu tinha, mesmo! E mais: se não desse certo, eu não tinha lugar pra voltar.
Mas deu certo... Consegui estabilidade, me organizei, me adiantei, e hoje tenho um lugar pra chamar de meu - um sonho realizado!
Eu sempre soube que a prostituição seria uma fase na minha vida, Um modo de conseguir as coisas um pouco mais rápido, e não uma carreira a ser seguida.

Não fiquei "rica", até poderia se quisesse ficar mais tempo nessa, mas nunca tive essa pretensão... Já ouvi que deveria ser mais ambiciosa, mas eu não sou, fazer o quê?
Eu aprendi a sonhar, e esse foi o melhor ganho que eu tive. Meus sonhos brotaram e me impulsionam a melhorar a cada dia, e o melhor de tudo é que eu descobri que tenho muita força pra correr atrás de cada um deles!


Grande beijo!

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Impotência, Remédios e "Causos"

O que fazer quando a vontade de dar aquela trepada é grande, mas o corpo não reage mais da maneira desejada?
Muitos homens passam por isso, devido a idade ou problemas de saúde, e optam pelos estimulantes sexuais. Tenho alguns clientes funcionando super bem com os benditos medicamentos, mas é sempre bom lembrar que antes de tomar qualquer remédio, a ida ao médico é obrigatória! Vai conversar com o doutor, fazer um check-up... Nada de sair tomando remédio sem indicação, só porque "deu certo com o amigo".

Uma vez atendi um garoto, de 19 aninhos, que tomou um "azulzinho" pra ver como era (como se precisasse). Resultado: o menino teve taquicardia, suava frio, tremia, e mesmo assim tentou transar por teimosia. Não rolou, claro. Acabou indo embora passando mal, e de pau duro.

Outra experiência que não foi muito legal aconteceu com um taxista que de tanto me levar pra casa após as noitadas nas boates acabou ficando quase íntimo. Ele me contou que conseguiu um esqueminha com duas moças, e ficou nervoso, sem saber se daria conta do recado. Lá foi ele, tomar o remedinho "milagroso" pra não fazer feio na hora. Resumo da ópera: transou pra caramba mas não conseguiu gozar de jeito nenhum, as mulheres pediram peloamordeDeus pra parar e acabaram todos dormindo. No dia seguinte ele estava com o saco roxo, inchado, sem conseguir nem andar direito de tanta dor. Ligou pra farmácia e acabou gozando com uma compressa de gelo nas bolas.

Teve uma bela noite que eu estava de papo com um senhor (na boate), tomando umas doses na conta dele, e jogando todo meu charme pra conseguir um programa.
"Vou no banheiro e em 30 minutinhos a gente vai pro quarto" - ele me disse.
Ele foi pro banheiro e demorou pra voltar. De repente fico sabendo que ele tentou tomar o remédio na pia do banheiro, deixou a pílula cair pelo ralo, e como se não bastasse ARRANCOU O CANO pra ver se conseguia pegar a pílula de volta. Imaginem só o desespero da pessoa pra fazer uma coisa dessas!!
Não teve jeito, e não teve foda. Fazer o quê?

Por fim, não podia deixar de citar um senhorzinho que frequentava a casa de massagem. Ele devia ter seus 80 anos (ou mais) e já não estava na melhor forma física, tanto que o taxista precisava ajudar a subir os 3 degraus da porta. Chegando lá, ele chamava umas 4 ou 5 meninas pro quarto e pedia pra ficar fazendo carinho nele.
Esse não tomava remédio nenhum, e não conseguia ereção, mas se deliciava vendo todas aquelas garotas peladas o acariciando.
"Se fosse uns 50 anos atrás eu tava comendo todas vocês", ele dizia. E eu me divertia, pensando o quanto aquele vozinho já tinha aprontado.

O tempo passa pra todo mundo, é a vida! A gente pode até amadurecer, mudar de opinião, melhorar alguma coisa... Mas a nossa essência, essa continua. E se a pessoa gosta de sexo, não tem jeito, pode fazer 100 anos e vai continuar gostando da coisa. Se a Medicina pode ajudar, bora ser feliz e continuar transando até quando der!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Leitores!!

Hoje uma moça me chamou no Whatsapp para falar que adora o blog, e que as amigas dela também lêem.
De vez em quando recebo mensagem ou e-mail de algum leitor diferente. Não sempre, mas diria que a cada quinzena, fazendo uma média por cima.
Confesso que é sempre uma surpresa pra mim, tendo em vista que nem sempre tem muitos comentários por aqui, e que quando fiz o blog a intenção era mais de desabafar e relatar o "lado real" da coisa toda, eu diria lado humano.


Acho importante as pessoas entenderem que por trás da profissão acompanhante/garota de programa, existem mulheres normais. Muitas que se desdobram para dar conta de casa, clientes, corpo, família, estudos, filhos, enfim... A nossa vida não é só glamour e putaria, como muita gente pensa. (Talvez se eu fosse uma GP de luxo, mas não estava nos meus planos, e eu me considero uma GP classe média hahaha) 😂

Fico feliz em saber que posso estar dando "uma luz" para as que estão começando. Sempre falo que a opção de se tornar uma GP deve ser totalmente pessoal, eu acho que não daria esse conselho a ninguém (tipo: "torne-se GP"), mas se a pessoa já esta decidida a isso, por que não passar minha experiência? Se isso ajudar 1 menina, que seja, a não passar por algumas situações que passei, já vou ficar bem satisfeita.
E também tem as pessoas que chegaram até aqui por interesse, curiosidade, enfim... Me alegra saber que meus leitores são pessoas de mente aberta e sem preconceitos (assim espero!).

Após a aposentadoria vou continuar escrevendo no blog, sim! Tenho muita coisa pra contar sobre esses últimos meses, essa fase final que estou vivendo. Até me surge de vez em quando a idéia de escrever um livro, mas ainda não sei nem por onde começar, e nem tive inspiração pra tanto.

Por fim, acho que minha experiência pode ajudar em alguma coisa, portanto estou sempre aberta a sugestões/perguntas/idéias. Entrem em contato pelo meu e-mail: jufloripagp@yahoo.com.br (vou fazer um formulário pra isso em breve).

Grande beijo!
Gratidão!!

domingo, 18 de setembro de 2016

Pessoas do Bem

Ontem tive o prazer de estar na companhia de duas amigas, que me acompanham desde o início de tudo, ex-companheiras da casa de massagem. Já falei delas (e outras amigas) aqui nesse post.
Famílias reunidas, filhos correndo de um lado pro outro, falamos sobre a vida, os planos, casa, comida, maridos, mulheres... Seria difícil acreditar que há mais ou menos 2 anos estávamos na zona vivendo aquela loucura toda.
Como evoluímos!, paramos para comentar ontem. Que bom que a vida toma rumos diferentes!
E como é bom quando a gente percebe que, no fim das contas, tudo vale a pena desde que a gente não deixe de sonhar, de buscar o melhor pra estar em paz.

De nós 3, apenas 1 ainda está fazendo programa..Eu! Nada que interfira a nossa amizade, e nada que seja escondido das nossas famílias, os maridos/mulheres delas sabem da historia, e isso faz toda diferença. É muito bom estar perto de pessoas que sabem quem nós somos, e nos aceitam. Sou grata por ter esse tipo de gente na minha vida, mesmo que na correria do dia-a-dia a gente não consiga se reunir da forma que gostaria. Só de saber que existem já dá um sentimento bom!

Eu conheci muita gente nesse tempo como Juliana Ramos, meninas, cafetinas, clientes. Conheci muita gente ruim, moças que tentavam boicotar outras, de todas as formas possíveis. Donas de casa que exploravam e humilhavam meninas inexperientes, clientes arrogantes e até agressivos, do tipo que faz a gente se sentir péssima.
Mas também conheci muita gente legal, gente do bem mesmo. 
Recebi conselhos de meninas que realmente queriam ajudar (o que é muito raro nesse meio), conheci cafetinas que não esqueciam que estavam lidando com seres-humanos, e também tive/tenho o prazer de lidar com clientes muito agradáveis, que sabem fazer bem a uma mulher.

É esse tipo de gente que me faz ter esperança na humanidade, que me fazem ver que sim, ainda existem pessoas boas e que nem tudo está perdido.
E também são essas pessoas que me inspiram a ser melhor, a correr atrás do que quero pra mim, e buscar ser minha melhor versão a cada dia.

Sou grata! 🍀

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Retrospectiva

De vez em quando recebo e-mail ou algum comentário de meninas que estão começando na vida me perguntando sobre como comecei a trabalhar, como foi a "trajetória" e também pedindo dicas.
Reuni alguns posts que acho explicativos/úteis. Para abrir, é só clicar em cima do título.
Recomendo ler na ordem.
Lembrando que nos arquivos do blog tem vários "causos". 😊


  • Primeiro Cliente - Primeiro post no blog, relato sobre meu primeiro cliente
  • Rodando Bolsinha - Como tudo começou, meu início na casa de massagem. 
  • A Zona é Uma Escola - Continuação do post acima
  • A Saga Por Uma Casa - Ainda Sobre o começo, dessa vez sobre quando saí da casa de massagem e um breve relato sobre boates.
  • Sobre a Vida Atualmente - Quando comecei a trabalhar através de anúncios.
  • Como Ser Uma GP - Aqui NÃO ensino ninguém a se tornar GP, mas para as que já estão decididas reuni algumas dicas.
  • Nova Fase - Quando aluguei um ap próprio para atendimentos.
  • Lenocínio - Relatos sobre os abusos psicológicos sofridos no inicio.
  • Red Light- Post sobre o fechamento da primeira casa que trabalhei.
  • Aposentadoria - Quando a ideia de me aposentar começou a florescer.
  • 2.7 - Meu aniversário de 27, quando anunciei aposentaria (comecei com 25)
  • Sobre a Aposentadoria - Mais um ainda sobre o assunto.


Grande beijo a todos e obrigada pelo carinho! ❤

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Só Pra Atualizar

Postando só pra não parecer que abandonei meu querido blog. 😆

Eu continuo sem muitas ideias do que escrever aqui. Acho que essa fase de transição na minha vida está roubando minha inspiração. As coisas estão um pouco corridas também, de modo que nem sempre consigo parar, sentar, e bolar alguma coisa interessante pra postar aqui.

Aos poucos estou me preparando para uma vida pós-Juliana Ramos, e eu sei que deve ser chato entrar aqui no blog e ficar lendo sobre isso toda hora, mas no momento é o que está ocupando minha cabeça.
Ainda não sei qual vai ser a sensação de voltar a ter uma vida sem telefone tocando toda hora e voltar a ter um emprego mais formal, patrão, essas coisas. Acho que só as garotas que trabalham ou trabalharam assim durante algum tempo podem saber como é louco estar "do lado de cá" da prostituição, a gente volta à vida normal com outra cabeça. Pelo menos comigo está sendo assim, mas posso afirmar que foram mudanças bem positivas.

Me sinto feliz, leve, aliviada, e ansiosa pra saber como vai ser daqui pra frente. Falta pouco mais de 1 mês e o frio na barriga permanece. Sei que tudo vai dar certo!

🍀

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Mudanças

Mudanças na vida são necessárias. Eu que o diga, já passei por muitas delas. Tanto externas (pelas minhas contas já mudei de casa umas 25 vezes, em 27 anos), quanto internas (essas eu perdi as contas).

As externas foram por conta da instabilidade em que me vi depois que minha mãe faleceu. Meu porto-seguro se foi. Morei com meus tios, mas não deu certo. Fui morar com meu pai e a nova mulher, e também não rolou. Aí o negócio virou bagunça... Uma hora estava morando na casa de um namorado, outra hora com uma amiga ou amigo, casa da sogra ou qualquer kitnet que coubesse no meu pequeno orçamento. Já morei em um centro espírita também. Foi assim até uns tempos atrás, quando emputeci. Daí as coisas começaram a se encaminhar, até chegar no ponto de estar prestes a ir morar na minha casa própria. Só eu sei a alegria e sensação de paz que isso representa pra mim!

Mas muito melhor do que essas mudanças, são as que acontecem por dentro, todos os dias. Eu mudei muito como pessoa, como mãe, como ser humano. E eu continuo mudando. Acho que chega um momento que isso acontece com todo mundo, mas nem todos percebem. Sou grata por ter despertado pra essa coisa bonita (e doida) que é a vida!

Eu queria escrever umas coisas mais legais, ou engraçadas aqui. Mas ultimamente estou mais introspectiva, acho que é aquele frio na barriga da aposentadoria chegando pra valer. (Mais) Uma grande mudança começando...! 

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Traição

Esse tempo trabalhando como garota de programa me ajudou a desvendar muitos "mistérios" sobre os homens. Eles costumam "se abrir" comigo, acho que estar com alguém que não vai julga-los os faz sentir mais a vontade. Entre tantas conversas e histórias meu conceito de traição mudou.
Tem coisas que são difíceis para uma mulher entender, e se eu não tivesse vivido nesse meio talvez nunca entendesse.

Tenho clientes que, tenho certeza, são ótimos maridos e pais de família. E o fato de transarem comigo (ou com qualquer outra GP) não os faz amar menos suas esposas ou famílias.
Alguns clientes são realmente apaixonados por suas mulheres.
Explicar os motivos que levam um homem a trair é abrir um leque com milhares de opções. Na verdade, alguns nem consideram sexo com GP como traição.
Certa vez ouvi um deles falar que garota de programa não destrói casamento, quem destrói é amante. Eu concordo!

Alguns anos atrás eu acharia isso tudo um absurdo. Mas nessa vida eu aprendi que sexo e amor são coisas completamente diferentes. 
Homens tem maior necessidade de sexo do que nós, mulheres.
Alguns reclamam de falta de sexo, atenção, carinho - e dizem que se tivessem isso em casa jamais procurariam fora (tenho minhas dúvidas).
Mas também tem os que dizem que a relação está boa, mas que em certos momentos precisam "relaxar", fazer algo diferente, enfim.

Independente de como estejam as coisas, a grande maioria fala que depois de dar umazinha "por fora", voltam mais animados e até com mais tesão pra casa.
Acho que a consciência pesada deve acender alguma chama hahaha

Uma explicação que ouvi no balcão de um bar de boate foi a seguinte: "Os homens podem se reproduzir (ejacular) várias vezes por dia, as mulheres só tem a chance de se reproduzir uma vez por mês (período fértil, ovulação). Se a mulher engravida, demora mais 9 meses pra voltar a se reproduzir, enquanto o homem pode continuar se reproduzindo o quanto quiser. Ou seja: a culpa é do instinto reprodutor", essa era a desculpa que o cliente dava para bater ponto quase semanalmente na zona hahaha!

Não estou falando que todo homem tem necessidade de sexo fora do casamento, devem ter os que conseguem ficar com a mesma pepeca a vida inteira (tomara que o meu seja assim hahaha).
Mas temos que concordar que a tese dele até que faz sentido, né? 😆

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Escolhas

Tenho alguns bons "causos" novos, ainda ontem falava sobre isso com um cliente querido. O problema é que por enquanto não posso contar, afinal são coisas atuais e apesar de não identificar nenhum personagem, não quero ser levada a mal por ninguém. Tem certas coisas que só posso revelar após a aposentadoria, hahaha..

Ah, pois é! Eu continuo firme nesse propósito de me aposentar. De vez em quando escuto algum comentário dizendo que não vou consegir (é incrível como o povo gosta de desanimar as pessoas), mas estou me organizando para uma vida pós-putaria, e aproveitando bem esses meses que tenho pela frente. Costumo dizer que estou fazendo uma despedida de solteira prolongada, e confesso que não é de todo mal. Mas, como já citei por aqui, a vida pessoal me chama.

Acho que a vida é feita de escolhas. A gente pode optar entre diversos caminhos a seguir. Eu optei pelo amor. Optei por tentar formar uma família. Optei por ouvir meu coração, como uma boa romântica e sonhadora que sou, apesar de ariana.
Eu poderia ter dado uns golpes, iludido um ou outro apaixonado, ou até aceitado algum pedido de ca$amento que surgiu pelo caminho. Mulher, quando quer, engana qualquer um. Aliás, o ser humano em geral, vocês sabem. Poderia ter aceitado convites para ir embora, ou para ser amante exclusiva e bem paga de algum executivo.
Mas eu preferi ser sincera. Não só com os outros, mas comigo mesma, com o que eu sinto e com o que eu quero pra mim.

Eu gosto de dinheiro, claro. Mas não a ponto de iludir alguém ou virar as costas para alguém que eu amo.
Tem coisas que o dinheiro não compra, e eu gosto dessas coisas.
Não fiquei rica como eu gostaria, mas ganhei e estou ganhando muito mais que isso, e isso já é o suficiente pra encarar uma nova fase.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Nojo e Preconceito

Esses dias uma criatura me chamou no Whatsapp pedindo informações sobre meu atendimento, e depois perguntou se poderia penetrar sem camisinha. Minha resposta foi óbvia: é claro que não!
Ao ser questionada "porquê não?", respondi que se ele não tem amor a vida e a família eu tenho.
Imagine só, sair transando sem camisinha por aí! 
E foi aí que tive uma resposta do tipo:
"Se você se preocupasse com a família não seria puta".

Não perdi meu tempo e nem gastei meus dedos digitando alguma resposta, apenas bloqueei - uma pessoa que até hoje não aprendeu a respeitar os outros e a ter humildade só aprende com a vida (isso é, SE aprender). Discutir não adianta quando a ignorância está falando...
O pior é que isso não é um caso isolado. Claro que nem todos os dias recebo esse tipo de mensagem (graças), mas o preconceito existe e já falei dele por aqui.

Tem homens que inclusive procuram garotas de programa, mas no fundo são cheios de preconceito. Tipo um "nojo", sabe?
Já atendi homens que mal encostaram em mim, como se eu tivesse uma doença contagiosa. E fazer sexo sem encostar em alguém é tipo colocar a pessoa de 4 na beirada da cama, meter, gozar, e ir embora. Muitas vezes sem trocar nem uma palavra direito.

Também já me perguntaram se meu noivo tem coragem de transar comigo sem camisinha. Oi? Gente, o fato de eu ser GP não me torna uma doida que sai dando pras pessoas sem preservativo. Tenho certeza que me cuido muito mais do que muitas mulheres que nunca colocaram o pé em uma zona, como eu coloquei um dia.

É muito ruim quando esse tipo de coisa acontece, me faz ver que existem pessoas com pensamentos bem primitivos ainda.
Mas num mundo em que as pessoas odeiam alguém por ser gay, ou negro, ou de uma religião/opinião diferente - e milhares de outros fatores, não é de se espantar que exista esse preconceito e pensamentos errados sobre as GPS.

Minha opinião (e quem sabe dica) é a seguinte:
Se você tem nojo de encostar em uma garota de programa, não procure uma. (Compre uma boneca inflável ou bata punheta).
Se você acha que a GP vai transar/chupar/beijar outro e depois disso não vai tomar banho/escovar os dentes, não a contrate. (A menos que esteja procurando uma GP de profissionalismo duvidoso)
Se você acha que a GP é uma pessoa errada, sem idéias, sem vida pessoal, sem noções de saúde/higiene, não marque nada. (Até porque uma mulher assim provavelmente não seja uma boa companhia).

Agora, se você viu anúncios, ou foi em um local/boate/casa de massagem e ESCOLHEU uma mulher, NÃO a trate mal, NÃO a trate como um ser inferior.
Gentileza gera gentileza.

Obrigada, de nada!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Páginas Do Meu Diário

Tenho um caderno, desses grandes de matéria, que me acompanha desde meados de 2014 quando comecei a trabalhar.
Não escrevo nele todos os dias, mas de tempos em tempos. Em alguns momentos com mais frequência, outros com menos. Já fiquei mais de um mês sem escrever.
Nem sempre leio o que escrevi, mas as vezes é gostoso voltar no tempo, e ver como a gente melhora e se supera se tiver força de vontade.
Tenho muitas coisas escritas ali, momentos bem pessoais, bons e ruins.
Encontrei esse texto no início do caderno, escrevi nos primeiros meses de trabalho - ainda na casa de massagem.
Gostei de reler esse texto, pois eu estava despertando para a vida e superando meus próprios fantasmas. Foi o início da minha mudança interna!

02 de Dezembro de 2014

"Guarde a seriedade para momentos realmente necessários, como mortes, separações e afins" (Arnaldo Jabor)

-Decidi fazer isso da minha vida. Já passei tanta situação, fiz cada besteira, vivi tanta coisa que daria até pra escrever um livro. 
Já "cai" inúmeras vezes, pensei que TUDO ia acabar. Já mudei de ideia, e perdi tempo com TANTA coisa desnecessária que hoje não saio do sério tão facilmente.
Quando a gente começa a entender melhor a vida e respeitá-la, as coisas começam a fluir. Deve ser isso que está acontecendo comigo. De repente, o universo começou a conspirar a meu favor. Acho que ele já conspirava, eu é que andava no sentido contrário!
Aprendi (até que enfim) que muitas vezes sofremos sem necessidade. Nos desesperamos, perdemos tempo, deixamos de viver por coisas passageiras - que daqui a pouco não farão diferença alguma.
Aprendi também que ninguém tem o direito de controlar ninguém. Não temos poder sobre a vida do próximo, e nem os outros podem ter poder sobre nós.  Deixei de fazer muita coisa por causa de relacionamentos doentios. Hoje sei que a pessoa certa vai me amar do jeito que eu sou, e querer me ver progredindo.
Resolvi pensar mais em mim, nos MEUS sentimentos, no que EU quero da vida.
E é por isso que vou lutar!


quarta-feira, 13 de julho de 2016

Cliente J

-Nossa! Quando o J te ver vai ficar louco. Ele costuma ficar horas e horas no quarto, é um cliente muito bom. - dizia a cafetina nos meus primeiros dias de trabalho.

J era um cliente conhecido nas madrugadas da casa de massagem assim que comecei a trabalhar.

Paralelamente, eu ouvia outras garotas falando:
-Ah, eu odeio atender o J. Ele é irritante.
E outras:
-Eu adoro, só fico lá deitada e deixo ele falar.

As opiniões eram divididas, algumas diziam que ele era querido, outras o achavam maluco, e eu - que estava iniciando "carreira" na putaria não conseguia imaginar o que esse tal J tinha de diferente.
Eu perguntava e ninguém me contava nada demais, o J era meio que uma piada interna:
-Ele é tranquilo. Quando você conhecer vai entender. - Algumas me falavam.

Até que pela terceira ou quarta noite o tal do J chegou. Devia ter entre 35 e 40 anos, alto, ruivo, e bem elegante.
A cafetina estava certa: ele gostou de mim, e me escolheu para irmos ao quarto.
Entramos, trocamos algumas palavras, e ele perguntou se eu me importaria se ele cheirasse cocaína ali. Eu deixei, afinal eu já tinha percebido que aquela cena seria mais comum do que ele mesmo podia imaginar.
Ele cheirou, sentou na beirada da cama ainda de roupa e começou a conversar.
Disse que gostava de curtir o momento, que nem sempre chegava a transar com as meninas. Pediu pra que eu não tirasse minha roupa, e então ele mesmo tirou meus sapatos e eu comecei a entender porque as meninas riam tanto ao falar nele.
Começou a fazer massagem nos meus pés e falava:

-Oxiiii... Que péjinho munito menina! - com a voz de bebê mais enjoada que você puder imaginar.
-Xabe Juju, eu goxtu muito muito muito di converxar...

E seguiu me fazendo perguntas bem banais tendo em vista o ambiente que nos encontrávamos, como comida preferida, tipo de filme, etc. Cheirou cocaína e conversou (com voz de bebê) durante umas 3 horas seguidas.
No início eu achei que poderia ser um nojento com tendências pedofilas, mas ele não falou nada sobre sexo em nenhum momento - e nem tiramos a roupa. Apenas falava comigo e fazia carinho nas mãos e pés, não aparentava excitação sexual nenhuma.
As vezes me dava vontade de rir ao ver aquele homem falando daquele jeito. Mas eu me continha, afinal vai saber a reação da criatura, né? Eu ia dando assunto, e deixando ele falar.

Ele continuou frequentando a casa durante um bom tempo. Na grande maioria das vezes a cena se repetia: conversava por horas com voz de bebê (só ele, claro haha). Acho que transamos uma vez só, quando ele apareceu falando normalmente - nem parecia o mesmo J.
Em todas as vezes, já no final do atendimento (quando a droga tinha acabado), ele começava a se arrepender por estar ali, falava que estava gastando muito dinheiro e as vezes até chorava.

A depressão não durava muito, pois sempre sumia por no máximo um mês.
Depois que saí de lá nunca mais vi o J, e nem sei que lugar anda frequentando.
Nunca tive coragem de perguntar se ele não achava interessante procurar um psicólogo ou analista. Mas no fim das contas torço pra que esteja bem e, quem sabe, recuperado. Pois apesar de toda aparente loucura, sei que ele era uma boa pessoa!

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Nem Pagando

"Nem pagando", esse é o termo que eu usei para muitos clientes na noite. São clientes que simplesmente não dava de atender, por N motivos.
Eu nunca fui de ficar escolhendo cliente por aparência, e até já falei sobre isso aqui. Mas atender cliente mal educado, grosseiro ou porco, não dá mesmo.

No início, atendi muitos que hoje não encararia novamente, algumas criaturas que apareciam de madrugada na casa de massagem, ou até mesmo nas boates, exalando cigarro e cachaça eram monstruosas em todos os quesitos. Eu era inexperiente, e não sabia que podia simplesmente negar quando um cliente me escolhesse - não queria que a cafetina me criticasse (e ela era muito boa nisso) e muito menos queria criar confusão com o sujeito em questão.

Aos poucos fui aprendendo a me impor, descobri que não era pelo fato de ser garota de programa que precisava me sujeitar a qualquer coisa, e comecei a me dar o devido respeito.
É inacreditável como alguns homens acham que pelo fato de estarem pagando por um programa podem tratar a mulher como um objeto, e acredite: os que menos pagam, são os piores. Geralmente (nem sempre) os que pagam mais sabem agradar uma mulher - ou ao menos se esforçam pra isso.

Certa vez simplesmente parei de aceitar esse tipo de coisa. Já tinha percebido que nem todos seriam agradáveis, mas alguns não dava de tolerar mesmo. Foi quando comecei a dizer não, a mandar ir embora se necessário.

A primeira vez que isso aconteceu o cliente me entregou o dinheiro, foi tirando a roupa e mandou eu ficar de 4 na beirada da cama. Eu tentei puxar um assunto, quebrar o gelo, e ele disse:
-Não vim pra conversar. Aluguei você por meia hora, não foi? Fica de 4 aí. 

Me senti o lixo dos lixos. Aluguei você, aquelas palavras ecoavam na minha cabeça. Não entendo como as pessoas não enxergam o outro ser humano ali, na sua frente.
Falei que não trabalhava dessa forma, que tudo bem que ele estava pagando (uma miséria por sinal), mas eu não precisava ser tratada daquela maneira. Devolvi o dinheiro e saí do quarto. Antes disso mandei ele tomar no orifício anal.

Outra vez o cara tirou a roupa e o "cheiro" de axilas infestou o quarto. Perguntei se ele queria tomar um banho e ele disse
-Depois eu tomo, se der tempo. Tô pagando meia hora e quero fuder primeiro.
Engoli seco, e falei que o cheiro estava forte (era impossível que ele não tenha notado).
-Tomei banho ontem a noite, antes de sair de casa.
Ele me disse isso na maior cara de pau. Era sábado, quase 15h. Ele tinha tomado banho na sexta a noite! No mínimo ele estava virado, sem dormir, e como se não bastasse ainda se achou na razão.
Foi reclamar para a cafetina, falando que ela deveria colocar ordem nessas meninas. Como se fôssemos animais, ou sei lá o que.
Bati o pé e falei que realmente não atenderia.
Uma pessoa nojenta (em todos aspectos) como essa, nem me pagando muito bem.

Já na boate, conversei com um senhor e acertamos o cachê para ir pro quarto. Eu havia deixado bem claro que não faço sexo anal, e na hora H ele começou a insistir, forçando a barra. Até que parei tudo e falei que não era isso que a gente havia combinado.
Tive que ouvir ele me falar coisas horríveis, dentre elas que eu não servia nem pra puta - pois dar o ** deveria ser minha obrigação.
Eu precisava muito daquele dinheiro, mas eu preferi devolver a me deitar com um ser assim.

Nos dias atuais, que considero meu "auge" em termos de clientes, a maioria se encaixa mais no perfil "daria até de graça" - gracias! Em sua grande maioria são legais, cheirosos, educados e principalmente: conseguem enxergar o ser humano alem-vagina.
Bom se sempre fosse assim, comigo e com todas. Mas no fundo acho que sempre existirão aqueles que não merecem a companhia e o toque de uma mulher - nem pagando!

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Casarão

Quando saí da casa de massagem fiquei perdida. Saí de lá em meio a uma discussão com a cafetina e outra garota, com 250 reais na carteira, aluguel e babá por vencer e sem saber pra onde correr, pois eu não conhecia outros lugares.

Voltei à estaca zero e comecei a ligar pra várias casas de massagem perguntando se precisavam de garotas. Algumas já estavam cheias, e outras fui visitar. Contei a saga toda por aqui.
O problema é que era muito difícil encontrar um ambiente "decente". A casa onde eu trabalhava podia ser horrível em questão de tratamento com as garotas, valor e clientes, mas era muito limpa e isso eu não posso negar.
Quando fui visitar outras, vi algumas que além de tudo de ruim, ainda por cima eram sujas, não trocavam nem o lençol e as toalhas.

Em uma dessas "visitas" em casas, fui parar num casarão desses antigos. Quando cheguei me deparei com a dona, uma coroa de biquíni amarelo.
Entrei e ela começou a me mostrar a casa. Na hora já não gostei, os quartos eram improvisados e alguns em vez de porta tinha apenas uma cortina, mas fiquei sem jeito de falar pra ela na hora.

Então ela foi me mostrar a "área de lazer".
-A gente gosta de deixar os clientes à vontade. Às vezes eles ficam na piscina, bebendo, depois resolvem fazer algum programa.
Quero que nesse momento, querido leitor, você imagine a cena que vou descrever: a parte dos fundos de um casarão antigo, grama precisando ser cortada urgentemente, sacos de lixo nos cantos das paredes, latas de cerveja e bituca de cigarro por tudo quanto é canto. Eis a piscina: de plástico, com suporte de ferro, a água devia bater na altura do meu joelho, mais ou menos. Ao lado, uns 4 homens e umas meninas nada simpáticas se revezando em cadeiras plástica e cadeiras de praia meio rasgadas e enferrujadas. O cenário perfeito para propagação de dengue, zika, chycungunha, micose, tétano e toda sorte de doenças imagináveis. 

Queria sair dali correndo.
-Ah! E você ganha 2 reais por cada cerveja que o cliente pagar pra você.
Uau! Parece tentador hein! (Só que não).

-Você pode se trocar naquele banheiro ali. SAI DAÍ JENIFER! A MENINA VAI SE ARRUMAR! - A dona da casa disse enquanto me levava até o banheiro, enxotando outra menina que estava retocando a maquiagem.
Eu realmente queria ir embora dali. Mas fiquei com vergonha de falar, não sabia como dizer que me senti péssima naquele ambiente e não entendia como as garotas e os clientes se sujeitavam aquilo.

-Poxa, agora que lembrei. Esqueci de trazer meu buscopam, estou com uma cólica terrível. Vou na farmácia e já volto.
Sim, eu sei que poderia ter simplesmente ido embora, mas na hora preferi inventar uma desculpa.
Qual foi minha surpresa quando a dona falou que eu não precisava sair que tinha remédio lá.
Me entregou, e disse que qualquer coisa estaria na piscina.
Entrei no banheiro, esperei 2 minutos e saí de volta.
Fui em direção a porta de saída, uma das garotas ficou me encarando e eu disse:
-Vou ali e já volto.

Desci aquela rua sem olhar pra trás, com os passos mais rápidos que eu podia. Nunca mais voltei!

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Sobre Gratidão

Ontem eu estava com meu primeiro horário livre, e como de costume parei pra apreciar o mar.
A vista aqui do meu local (ap onde atendo os clientes) é muito bonita, uma pena que seja impróprio devido a poluição - mas a beleza visual continua, e eu aproveito dela.
Respirei fundo e me senti grata.

Ah, a gratidão! Na minha opinião, uma das palavras mais bonitas do nosso vocabulário. E poderosa também! Eu sinto que quanto mais eu agradeço, mais coisas boas acontecem.

É engraçado como depois de um certo tempo a gente para de se preocupar com coisas banais, e vê que os sentimentos ruins não nos levam a lugar nenhum.
E percebe também que ser grato nos faz bem.

Às vezes vivemos correndo tanto, com tantas preocupações na cabeça, que esquecemos de apreciar os pequenos momentos, as coisas mais simples.
Lembrei do quanto sofri quando minha filha não estava morando comigo. Antes de eu começar a fazer programa ela passou uns meses com a avó e o pai, pois na época eu realmente estava sem condições financeiras de trabalhar e pagar alguém pra cuidar dela. Quantas noites e manhãs vazias passei chorando, por não estar perto pra dar um beijo de boa noite ou servir o café da manhã pra ela.
Pode parecer coisa tão banal, mas hoje agradeço por cada um desses momentos. Chegar em casa e ver aqueles olhinhos brilhando contando como foi o dia não tem preço, dá aquela sensação de que todo esforço vale a pena.

Encontrei vários outros motivos pra ser grata todos os dias. Desde a força pra me levantar da cama de manhã, até o cobertor quentinho na hora de dormir. Aprendi a apreciar momentos como um almoço com pessoas que a gente gosta, ou uma simples caminhada na praia jogando conversa fora. É desses momentos que a vida é feita!

Não importa se vai sujar louça, ou a roupa, ou a casa. Não importa se vai demorar um pouco mais, se vai sair da sua rotina ou quem sabe fugir um pouco do orçamento. A vida passa rápido, e se a gente quiser realmente se sentir bem os pequenos momentos devem ser aproveitados com intensidade.

Como GP, aprendi a agradecer também, pelos clientes, pela grana, pelas coisas que consegui - e por que não agradeceria por isso? Afinal, é minha vida, minha história, minha jornada, é o caminho que escolhi traçar.
Esse detalhe é importante: tudo depende das nossas escolhas. Todos os dias temos alternativas: ser feliz, ou não. Agradecer, ou não. Correr atrás dos objetivos, ou não.
Sempre lembrando que do céu só cai chuva, mas quando a gente vai atrás e aprende a realmente apreciar as coisas ao invés de reclamar, tudo muda.

Se você aceitar um conselho vindo de uma garota de programa, meu conselho seria esse: agradeça mais, sorria mais, corra atrás dos seus sonhos, encontre sentido para sua vida, aproveite melhor os momentos.
Seja feliz!

segunda-feira, 6 de junho de 2016

A Jessica Tá Louca

Dizem que nessa vida é difícil encontrar amigas verdadeiras, mas eu posso dizer que encontrei algumas pelo meio do caminho sim!
Meu conceito de amizade não é aquele de "tem que falar todo dia" ou "viver na casa do outro". Pelo contrário... Na minha opinião bons amigos são aqueles que seguem caminhos diferentes mas ao mesmo tempo estão sempre por perto, que a gente sabe que pode contar e vice-versa.
Minha amizade com a Jessica (nome de guerra) é assim. Ela tem a vida dela e eu a minha, não nos vemos com tanta frequência, mas temos um carinho grande uma pela outra e já tivemos boas provas de amizade.

Lembro do primeiro dia que ela chegou pra trabalhar na boate. Eu ja estava lá a alguns meses e pude notar que ela estava perdida: nunca havia trabalhado. Sempre gostei de dar uma mão pras meninas que estavam começando, porque sei que o começo é bem assustador e difícil, então eu e a Jessica começamos a conversar, beber, e rir juntas todas as noites. Logo ela estava craque, cheia de clientes, uma puta de primeira. Eu brincava que ela havia nascido pra isso, hahaha.

Quando comecei a fazer show de strip  (sim gente, na noite eu me virava nos 30 pra garantir dinheiro no bolso rsrs) convidei ela pra fazer também, mas a danada morria de vergonha de ficar lá pelada na frente de todo mundo... Até que a tequila entrou na vida dela.

Certa noite um cliente começou a pagar doses de tequila, e a Jessica se empolgou. Não lembro o número exato de doses, mas ela tomou muitas. Resultado: em poucos minutos já estava dançando em cima do balcão, e não demorou muito pra tirar a roupa toda - a vergonha foi embora e ela alegrou a noite dos homens que estavam lá hahaha!
O cliente que estava pagando as doses era um velho conhecido, daquele que até os funcionários da zona conhecem pelo nome. Então ele convidou a Jessica para ir dormir na casa dele, e ela foi.
Detalhe: ela foi só de sobretudo, descalça, sem nada por baixo. Entraram no carro e tchau.

Dizem que chegando lá nem fizeram nada direito, pois estavam pra lá de Bagdá.
O melhor de tudo foi o dia seguinte: como ela ia fazer pra ir embora, sem roupa?
Pois chamaram um táxi, e ela foi novamente de sobretudo, sem nada por baixo, de volta pra zona, pra pegar o sapato e as roupas que tinham ficado por lá, descabelada, pálida, e morrendo de dor de cabeça.

Tem histórias que não dá pra deixar passar. Como uma boa amiga, eu não poderia deixar de registrar esse capítulo da tequila!!

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Sobre a Aposentadoria

5 meses... Menos de meio ano... É SÓ isso que falta para eu "pendurar as calcinhas" como dizem por aí. Sei que vai passar rápido, e tem horas que sinto um frio na barriga.
Como vai ser depois? Será que eu vou sentir falta? E os clientes? Devo manter amizade com os mais "chegados"? Continuo escrevendo no blog? E se um dia me faltar dinheiro?

Não é uma vida fácil. Está longe disso. Mas não posso negar que tem seus prazeres e confortos.
Dinheiro é bom e todo mundo gosta, e mesmo que não seja uma fortuna é sempre bom saber que "vai ter". Não adianta: pouco ou muito, toda puta ganha dinheiro. Sempre tem cliente. Se um dia não dá tão bom, no outro já melhora, e assim vai. Também posso me dar o luxo de simplesmente não trabalhar se eu não estiver num dia legal... Adoro ser dona do meu nariz e não ter que dar satisfação pra nenhum patrão haha.

Mas sinto que está chegando a hora mesmo, sabe? O cansaço e o stress às vezes afetam um pouco a rotina. Talvez muitas pessoas não se dêem conta disso, mas nós, garotas de programa, vivemos em clima de tensão, afinal nunca sabemos quem iremos encontrar. Sem falar no fato de estarmos sendo julgadas o tempo inteiro por algo tão íntimo: nosso corpo e nosso jeito de transar.
E tem aquilo que já comentei por aqui, que é muitíssimo importante pra mim: minha vida pessoal me chama. Aliás, ultimamente ela não chama, ela grita. Minha filha está virando uma mocinha cada vez mais esperta - o que só me impulsiona a parar, e surgiu alguém na minha vida. Na verdade surgiu no inicio, quando fazia apenas 2 meses que eu estava nessa - e lidar com minha cabeça dura de "só vou parar quando conseguir o que eu quero" não é fácil pra ele. Mas o tempo de espera nos fez ver que é isso mesmo, que não era fogo de palha, e eu quero muito aproveitar a chance de ter encontrado alguém que nos ame (a mim e minha pequena) e que me faz sentir que tenho, enfim, uma família. Quero tentar.
Ando sentindo vontade de ter uma vida mais normal mesmo, estudos, trabalho, família, aquela coisa com um Q de Amélia (mas uma Amélia moderna, viu gente!).

Enfim, acho que é praticamente uma contagem regressiva para o fim de um ciclo e início de um novo.
Desejo apenas que esse encerre em paz e que o próximo seja ainda mais feliz...
Que venham os últimos meses!

domingo, 29 de maio de 2016

Eterna Romântica

Como é bom ter alguém para compartilhar meus sonhos e planos, meus momentos bons e ruins, meus dias e noites.
Mesmo que o mundo inteiro não entendesse, não me importaria.
O que realmente me importa, e me cativa, é essa energia, essa sintonia, esse frio na barriga.

Confesso que no começo pensei que seria mais um. Ainda mais eu, que convivo com tantos todos os dias. Mas você foi diferente. Talvez por não ser um cliente, sei lá.
Você enxergou em mim mais do que um corpo. Você não conheceu a "Juliana Ramos". Você conheceu a pessoa por trás de tudo isso, a mulher, mãe, amiga, filha. A mulher que tem dúvidas, medos, sonhos e vontades, como qualquer outra.
E é esse fato que me alegra a cada dia: você gostou de mim do jeito que eu sou. Não preciso fingir e nem me esforçar pra agradar, pois sei que sou aceita, amada e respeitada.

Não sei se um dia vai ler, mas eu quero deixar aqui registrado o quanto você é especial pra mim nesse momento, e o quanto eu desejo que seja assim por toda vida.

Sei que não é fácil, mas te agradeço por toda sua compreensão, amor, paciência, respeito e principalmente por estar sendo aquela pessoa que posso contar. Espero estar retribuindo à altura.
Amo você!

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Clientes

Não sei dizer quantos clientes já atendi desde que comecei a trabalhar como GP, nem sei se eu gostaria de fazer essa conta rsrs, mas foi o suficiente para me deixar "um pouco" mais experiente e para aprender a lidar com eles também.

Existe cliente de tudo que é tipo, estilo, idade, nacionalidade. São muitos os homens que pagam por sexo - isso é fato. 
Alguns deles aparecem só de vez em quando, e outros tornam-se clientes fixos - são os que "sempre" vem, todo mês, toda semana, quase todo dia, enfim...

Certa vez atendi um cliente que começou a vir religiosamente todos os dias, durante umas 3 semanas. Não falhou nem um dia sequer! Até que simplesmente não apareceu mais... Acho que faliu, ou enjoou mesmo (espero que não tenha sido nada grave).

Entre tantos clientes, são diversas personalidades - claro.
Tem alguns que não querem só sexo, querem companhia mesmo. Conversar, namorar, passar o tempo com alguém.
Alguns mandam mensagens de bom dia, boa tarde, boa noite, e mandam mensagem pra perguntar se está tudo bem durante a semana.
Outros já separam bem o lado profissional do pessoal, e realmente só procuram quando querem marcar um horário.
A grande maioria é bem gente boa, transam, batem um papinho, e quando o tempo acaba pagam e vão embora.
Com alguns chega a rolar um carinho, tipo "amigos que fazem sexo", gosto quando rola essa afinidade, o programa flui e se torna leve.

Mas claro que existem os sem-noção também. Começando pelos grosseiros, ou que tem algo muito incômodo (como um que cheira cocaina e vive com o nariz escorrendo, eca). Esses normalmente eu atendo apenas uma vez e coloco na lista negra pra nunca mais atender. Tenho vários contatos nomeados de "não atender" ou "somente emergência" (que são aqueles que dá pra encarar mas só se estiver precisando muito de dinheiro rsrs).

Ou uns que tomam liberdade demais, e daí é preciso cortar as asinhas.

Já tive caso de cliente que achava que eu devia alguma satisfação. Ele vinha toda semana e às vezes me ligava pra saber como eu estava. Eu atendia e era simpática com ele, afinal era um bom cliente. Certa vez ele ligou no fim de semana, e eu não atendi  (meu celular costuma ficar desligado). Na segunda-feira tive que ouvir ele me perguntando se eu estava tão ocupada que não podia atendê-lo, que ele queria me convidar pra sair (sabendo que só atendo de segunda a sexta), e queria saber o que eu estava fazendo. Oi? 

E não para por aí... Pra não perder o costume, lembrei de um cliente da casa de massagem. Ele era motoboy, entregava lanches de madrugada, e de vez em quando ia me fazer uma visita. Sempre ficava meia hora, e até então nunca tinha me incomodado
Uma bela noite ele apareceu e tudo rolava bem, até que nosso tempo acabou. Ele pediu mais 5 minutos, e eu deixei. A cafetina começou a bater na porta, precisava liberar o quarto. Ele novamente pediu mais 5 minutos, e eu tentei explicar que realmente não dava, só se ele pagasse mais. Além da pressão da cafetina, eu também não tinha tempo a perder, ganhava pouco por programa e precisava atender outros clientes.
Ele começou a dizer que eu não tinha consideração por ele, que eu preferia os outros, saiu bufando e dizendo
-Vai lá vai... Vai atender teus clientinhos!

(Hoje claro que não brigo com ninguém por causa de 5 ou 10 minutos, mas quando trabalhamos para os outros não é tão simples assim).

Tento entender esse povo até hoje... Mas o que mais gosto nisso tudo é que o contato íntimo com os clientes me faz enxergar como as pessoas são diferentes uma das outras (ainda bem!).

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Amor Próprio É Tudo

Nada melhor do que amar a si mesmo... Depois que a gente descobre o quanto é especial, não é qualquer coisa que nos abala. 

Viver no meio da prostituição me tornou muito mais forte. Descobri uma força em mim que nem eu mesma sabia que existia, e nesse período eu aprendi a me amar e me valorizar mais. Não falo em questão de cachê, dinheiro, mas de auto-estima e segurança mesmo, sabe?

Dou risada quando lembro, mas quando comecei a pensar na hipótese de virar uma garota de programa, uma das minhas dúvidas era: será que alguém vai pagar pra transar comigo?
Hahaha! Não sou nenhuma Gisele Bündchen, mas nunca servi pra feia, modéstia a parte. Só que apesar de sempre receber elogios, eu não me enxergava assim. Até me achava bonita, mas quase sempre me sentia inferior em relação a outras pessoas.

Também achava que nessa vida da putaria só tinha lugar pras Panicats. E eu vi que não... São mulheres normais, como eu, e qualquer outra mulher que a gente vê na rua todo dia. Claro que o dinheiro faz a gente melhorar, afinal o que a natureza não dá o dinheiro compra rsrs... Mas todas se preocupam com estrias, celulites, pontas duplas, imperfeições, enfim. Mulheres normais!

Foi vendo tudo isso que comecei a me aceitar mais, a gostar mais de mim mesma do jeito que eu sou. E então descobri que amor próprio é o primeiro passo pra ser realmente feliz.

Percebi que na verdade eu estava me cercando de pessoas que me colocavam "pra baixo", e que o problema estava nelas, e não em mim (relacionamentos doentios podem fazer grandes estragos - não só físicos, mas principalmente emocionais).
Quando "emputeci", a procura dos clientes por mim também foi um fator que fez minha auto estima melhorar muito. Os elogios, mais ainda.
Comecei a ver que existem sim pessoas que não só pagam pra sair comigo, como muitas vezes gostam, voltam, e se sentem bem ao meu lado. Dessa forma eu enxerguei que eu não precisava me arrastar aos pés de ninguém (como já fiz no passado, confesso).

O melhor de tudo isso é que a mudança é visível e praticamente "milagrosa". A partir do momento que a gente se ama e se aceita, aprende também a impor limites. Tomamos consciência que não nascemos pra ser pisados, humilhados, ignorados, enfim... A gente realmente se dá conta que merece o melhor, sempre!

Hoje em dia acordo me achando linda, gostosa, poderosa (menos quando estou de TPM). Continuo enxergando aquela imperfeição ali, outra aqui, mas penso "as outras qualidades superam" rsrs e assim vou vivendo, me amando, me descobrindo mais a cada dia e com a certeza que todos nós temos muito poder e brilho próprio... É só despertar!

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Crises Existenciais

Logo que comecei a trabalhar tive umas crises de existência, ou de identidade - como quiser chamar.

Do dia pra noite eu, que nunca nem sequer tinha pisado em uma zona, estava lá, trabalhando.
Lembro até hoje de como escolhi o nome Juliana e da roupa que eu usei na primeira noite (um short vermelho e uma blusinha preta - que estavam largos e bem batidos). Apesar de não fazer tanto tempo assim (pouco mais de 1 ano e meio), já vivi tanta coisa nesse período que parece que fui puta a vida inteira.

Claro que foi uma escolha minha e que eu tinha consciência que não seria fácil. Mas na prática tudo é mais complicado, né?
Meu primeiro dia de trabalho foi uma "maravilha". Os clientes não eram dos melhores, mas eu estava meio que em "modo automático" de tão nervosa, e mal raciocinava. Pensava apenas em ganhar dinheiro e tornar aquilo o mais agradável possível.
"Vou tirar de letra" - pensei. Mas mal sabia o que me aguardava...

Nos dias seguintes já tive uns altos e baixos, mesmo com o dinheiro entrando eu pensava "será que vale a pena?" "e se alguém descobrir?" - eu estava saindo de um relacionamento doentio e morria de medo de ser descoberta (tenho certeza que, na época, ele me mataria). Hoje em dia, não me importo mais. As pessoas que precisam saber, sabem. E se alguém que ainda não sabe "descobrir", paciência!

Lembro que no início tinha dias que eu torcia pra campainha daquela casa de massagem não tocar, mesmo sabendo que precisava que ela tocasse para ganhar dinheiro - caso contrário eu estaria ali perdendo tempo. Certa vez me senti tão angustiada que comecei a chorar no meio do programa, e pedi pro cliente não contar nada pra cafetina e que eu mesma devolveria o dinheiro dele - e assim fiz.
Outra vez, já nas boates, também tive uma crise de choro no meio do salão, peguei minhas coisas e fui embora ainda no início da noite. Me sentia suja e perdida naquele meio.
Mas logo vinha o dia seguinte, a necessidade do dinheiro, e eu pensava "eu aguento". Aos poucos as coisas vão se tornando normais.

Não sei em que momento o nome "Juliana" passou a fazer parte de mim definitivamente. Em que momento tudo isso se tornou rotineiro. Quando foi que a ideia de ser uma garota de programa deixou se der novidade.
Fui me acostumando aos poucos, o que não quer dizer que tenha sido fácil. Longe disso! Vários dias não fui trabalhar, ou desisti no meio da noite, por não estar bem psicologicamente.

As coisas começaram a melhorar quando passei a trabalhar por anúncios, e somente durante o dia. Voltei a ter uma rotina normal, e viver mais a minha vida pessoal, e isso me fez muito bem.
Atualmente posso dizer que estou bem, mesmo. Não que nas outras épocas não estivesse, mas a fase das crises existenciais passou. Hoje me sinto mais segura, mais convicta do que quero, e até melhor como pessoa.
A prostituição me ensinou muita coisa, muita coisa mesmo. E não falo só de sexo, mas sim sobre a vida, as pessoas, e sobre mim mesma principalmente. 

quarta-feira, 20 de abril de 2016

2.7

Hoje acordei me sentindo mais leve, mais segura, e ainda mais positiva. É meu aniversário de 27 anos (com carinha de 25, e com 24 nos anúncios 😆).

Estou começando a ter aqueles pensamentos de "queria ter aquela idade, com a cabeça de hoje". Mas a vida é feita de fases, e eu continuo me sentindo como se tivesse 15 anos. Sou a mesma pessoa, a mesma essência, porém com mais experiência - e isso é ótimo, considero "ponto pra mim"!

Um dos pontos positivos do meu trabalho é que eu lido com as pessoas de modo mais íntimo, e acabo conhecendo várias histórias de vida, de superação. Também vejo clientes de tudo que é idade, e muitas vezes não vejo tanta diferença entre um de 35 e um de 50, 55, 60... Continuam com sonhos, vontades, desejos - e a grande maioria correndo atrás disso.

Por isso hoje, completando 27 anos, sei que tenho a vida inteira pela frente e que posso conseguir qualquer coisa que eu quiser. Tempo para isso eu tenho (se for da vontade de Deus).

Me presenteei com o retorno à academia (não estava mais indo pois tenho que acordar muito cedo para conseguir conciliar - mas vou superar a preguiça matinal), e com a promessa a mim mesma de que tenho apenas mais 6 meses de trabalho pela frente.
Já havia falado por aqui que tenho pensado muito na minha aposentadoria, e agora enfim estou decidida. Não que eu esteja infeliz na profissão nem nada disso, por mim quem sabe até ficaria mais tempo, mas minha vida pessoal me chama e eu sinto que é hora de viver outras coisas.

28/10/2016 será meu último dia de "Juliana Ramos", sinto até um frio na barriga de escrever isso aqui, mas sei que agora que divulguei a data, vou me cobrar muito mais para cumprir esse prazo.

No mais, só tenho a agradecer. Uma das coisa que aprendi nesses 27 anos é que a gratidão é uma carta de amor que a gente envia ao universo, e eu sou muito grata pela minha vida, minha saúde, minha familia, e pelas pessoas que cruzam o meu caminho sempre ensinando alguma coisa.

Nada é impossível para um coração cheio de vontade!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

La Gringa

Umas semanas atrás postei sobre a noite e as drogas. Hoje, pensando no assunto, lembrei de uma grande figura que conheci nos primeiros meses de trabalho.
Chamávamos ela de Gringa. Era argentina, paraguaia ou uruguaia - não lembro direito. Muitas meninas de países vizinhos vem trabalhar aqui no Brasil.

A Gringa tinha quase 40 anos, e cheirava muita cocaína. Ela meio que vivia para o vício (mas não incomodava ninguém), estava quase sempre sem grana, morava longe da filha e vivia em um relacionamento abusivo.
O marido dela era envolvido com tráfico e já tinha sido preso algumas vezes. De vez em quando ele ligava pra ela, pressionando-a a ganhar mais dinheiro. Eu ouvia ela falando:

-Mas mi amor, o movimento está fraco!

Ela era uma "puta velha". Não me refiro a idade, mas sim a experiência nessa vida. Trabalhava a muitos anos e me ensinou bastante coisa, até sobre minha própria segurança. Ela era uma pessoa boa.

Lembro de uma vez que a zona fechou e fomos dormir, e ela ficou me contando algumas histórias cabeludas que já tinha passado, como ficar refém de homens armados ou pular de um carro em movimento  (ela trabalhou na rua - o que eu considero arriscado demais).
Também falou sobre o "amado" dela, e do medo que ela tinha dele.

Aprendi a não julgar as pessoas, e a Gringa me serviu de lição. Apesar de ser usuária, e aparentemente uma pessoa que, talvez, não tenha feito escolhas muito boas na vida, ela tinha um bom coração.
Quem somos nós pra julgar as escolhas dos outros? Ainda mais quando essas escolhas não fazem mal pra ninguém, a não ser para a própria pessoa?

Nossa cafetina vivia implicando com ela. Humilhava-a na frente de todas as garotas. Eu me perguntava como ela aguentava aquilo!
Um dia a humilhação chegou ao extremo... Era um sábado de movimento, e o marido da Gringa estava na cidade e ela precisou ir embora mais cedo. A cafetina começou a gritar, xingar, e jogou as coisas dela na rua. Foi horrível.
Ela foi embora, e eu nunca mais a vi.

Tenho um anel e um brinco que ela me deu. Não sei porque, mas um dia ela falou "é pra você...pra dar sorte". Não chegamos a ser mui amigas, mas o pouco tempo que convivemos foi o suficiente para notar algo de bom uma na outra.
A vida é feita disso... Pessoas que vem, que vão, algumas que servem de lição, de experiência, que nos ensinam algo, e algumas que se tornam especiais mesmo que sigam caminhos diferentes.

E eu desejo sorte para ela, onde estiver! 
🍀🍀🍀

terça-feira, 12 de abril de 2016

A Rica!!!

Hoje estava conversando com um cliente sobre como foi quando comecei a "ganhar dinheiro". Não, eu não fiquei rica. Teria que ter "emputecido" mais cedo, ou adiar (e muito) minha aposentadoria pra isso.

Não posso negar que muita coisa mudou, tendo em vista que quando comecei eu morava em um quarto/banheiro úmido e mofado e mal tinha dinheiro pra me alimentar decentemente. Mas, em resumo, continuo sendo uma mera mortal que tem contas a pagar.

Só que conversando sobre isso, lembrei de uma história bizarra que não sei como não tinha virado post ainda!
Gente... Assim que comecei a ver a cor do dinheiro, me deslumbrei "um pouco". Comprei roupas e mais roupas, maquiagens, calçados, e tudo mais que eu tinha vontade e não podia trabalhando como caixa de lanchonete ou vendedora de trufas.

Lá pela terceira semana de trabalho combinei de sair com uma menina da casa, que trabalhava junto comigo. Fomos jantar fora. Casquinha de siri, camarão, ostras, e cerveja - MUITA cerveja.
Encontramos dois conhecidos meus, e eu pedia pra ela "Pelo amor de Deus, não me chama de Juliana. Eles não podem descobrir que sou GP!" - estava começando, e ainda não tinha uma opinião formada sobre se deveria falar ou não a origem da "mudança repentina" em minha vida.
Só que a cerveja já tinha sido tanta, que 10 minutos depois eu mesma já tava falando:
-Sou puta mesmo! - e abria a carteira, dava risada e me achava rica.

Acho horrível gente bêbada. Principalmente quando essa gente sou eu hahaha.
Na continuação da noite tive uma brilhante ideia:
-Vamos comprar vodka e energético e vamos beber num motel.

Lá fomos nós. Chegando na recepção eu dizia:
-Quero a suíte mais caraaa! A melhooor!

Eu estava tão deslumbrada que jogava os sais de banho para o ar e gritava
-Acabou a miséria!!
-Agora só quero Victoria Secret!!
(A LOKA!)

Sei que o dia amanheceu, e eu precisava viajar.
Chegando na rodoviária, enquanto esperava o ônibus, ajudei dois pedintes. Dei 100 reais pra cada um e ainda tentava dar uma ajuda moral:
-Eu sei como é passar dificuldade, eu virei garota de programa a pouco tempo, estou mudando minha vida.
(OLHA OS ASSUNTOS!!)

Pensem na minha cara quando lembrava das coisas depois (e quando olhava pra minha carteira, principalmente).
Foi uma experiência pra nunca mais, hahaha.

Depois dessa aprendi que quem guarda sempre tem, e que meu dinheiro não vem fácil, então não pode ir tão fácil também.
Mas dou boas risadas quando lembro dessa cena toda que eu mesma fiz! Pobre quando ganha dinheiro é foda! 😂😂

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Amadurecendo

O amadurecimento acontece através das experiências. Não é de uma hora pra outra, nem do dia pra noite. Ninguém acorda um belo dia e "puff" - amadureceu.
As vezes é necessário sofrer um pouco, como um fruto que passa dias, noites, sol, chuva, até atingir o ponto ideal. Alguns não chegam a amadurecer, outros ficam ótimos e suculentos!
Também não tem nada a ver com idade ou tempo. Ser uma pessoa madura não significa ser ranzinza ou sério demais. Pelo contrário: podemos dizer que amadurecemos quando paramos de nos aborrecer diante de qualquer coisinha e começamos a levar a vida com mais calma e leveza. Conheço pessoas de 60 anos que ainda não aprenderam, e outras de 20 e poucos que "dão um banho".

Eu posso dizer que amadureci muito nos últimos tempos. Gosto de chamar esse amadurecimento de evolução também. Evolui como pessoa, mãe, mulher, ser humano. Tive lições de humildade e de auto conhecimento que jamais imaginaria. Superei a mim mesma incontáveis vezes. Conheci e continuo conhecendo todo tipo de gente e milhares de histórias de vida.

Aprendi a priorizar o que é realmente importante, e focar no que eu quero - afinal, certas coisas só dependem de mim mesma.
Aprendi também a me valorizar. Pasmem! Em meio a prostituição, onde muitas mulheres sem sentem sujas e inferiores, e mesmo cercada de tanto preconceito, foi onde descobri que tenho valor - e não é só financeiro.
Aprendi a pensar mais em mim, a me impor. Vivo num meio em que é "cada um por si, Deus por todos", e por mais que a gente conheça pessoas legais no meio do caminho, cada um está atrás do seu dinheiro (ou do seu prazer). Pensar em mim não é egoísmo, mas é amor próprio - até porque as pessoas que nos querem bem, vão sempre ficar feliz ao ver a gente "indo pra frente".

E por fim, mas não menos importante, hoje mais do que nunca sei que a vida é feita de fases, ciclos, ou como quiser chamar.
Um dia de cada vez, e devagar se vai longe!

quarta-feira, 30 de março de 2016

Empata Foda

Às vezes me surgem um monte de ideias para escrever aqui no blog, mas nem sempre dá tempo de postar. Se o dia tivesse umas 3 ou 4 horinhas a mais, não seria nada mal. Mas como a realidade não é essa, vou me virando nos 30 (ou melhor, nas 24h).
Os dias no meu local costumam ser corridos (mutchas gracias!), e além da putaria, tenho minha filha, casa, gatos, obra, yoga... Sem falar que na segunda vou começar a correr, e logo as aulas começam também. Ufa! Que haja saúde e disposição, e o resto se dá um jeito!

Mas vamos ao "causo".
Uma tarde dessas estava atendendo um cliente, quando começaram a bater na minha porta. Meu local é uma sala em prédio comercial (que transformei em um apezinho). Atendo sozinha, então organizo meus horários para que não haja encontro entre clientes. E todos eles sabem que só atendo com hora marcada, por isso não aparecem de surpresa (ainda bem!).

Ignorei as batidas na porta, mas elas continuaram.
"Deve ser alguém vendendo alguma coisa" - de vez em quando aparece algum vendedor ou alguém fazendo propaganda de alguma coisa porta a porta.
Continuei o serviço. Já estávamos sem roupa, o cliente pronto pro abate, mas as batidas continuavam e estavam ficando insistentes demais.

E a pessoa não se contentou em bater. Eu estava prestando um serviço oral (leia-se pagando boquete hahaha) quando começaram a mexer na maçaneta da porta e depois enfiavam alguma coisa na fechadura, tentando abrir.

"Agora tá demais!"
A essa altura o cliente já estava todo encolhido, pelado, se escondendo ao lado da geladeira, apavorado achando que poderia ser a mulher dele. Eu também pensei nessa hipótese.
"Como vou esconder esse homem numa sala de 35m2?"

Bom... Não podia deixar alguém ficar forçando minha porta né? "Se for a mulher dele eu me faço de louca e não deixo ela entrar, e se for algum doido eu taco spray de pimenta", foi meu pensamento na hora. Então criei coragem, me enrolei na toalha e abri uma frestinha da porta (nesse dia vi a importância de colocar um olho mágico - preciso urgente!). Dei de cara com uma senhora, tentando abrir a minha porta com uma chave.

"Não é aqui que está pra alugar?"
"Não senhora.
"Mas o moço me disse que é aqui. Me deu até a chave."

Olhei a chave, que tinha o número da sala gravado.

"Senhora, você está no andar errado!" - e apontei para o número da minha sala, que fica bem na porta.
Ela ficou sem jeito, pediu mil desculpas e foi embora.
Acho que nem imagina o susto que deu por alguns instantes! Era tão simples olhar e ver que estava no lugar errado (e na hora mais errada ainda rsrs).

Passado o susto, o atendimento fluiu normalmente.
Coisas que acontecem!!

quinta-feira, 24 de março de 2016

Aposentadoria

Ultimamente eu tenho pensado bastante na minha aposentadoria. Quando entrei nessa vida, estabeleci algumas metas que aos poucos estou conseguindo, enfim, alcançar.

A grande maioria das pessoas que eu comento sobre isso pergunta se eu vou conseguir realmente parar, algumas até afirmam que eu não vou conseguir. Eu confesso que às vezes fico frustrada com essas opiniões negativas. É incrível como muitas pessoas desacreditam que alguém possa ter uma vida normal depois da prostituição. Ainda bem que há tempos parei de viver em torno da opinião alheia - caso contrário, nem teria entrado nessa.

Eu não nasci puta, e não quero ser puta pra sempre. Eu tenho noção que esse não é um dinheiro eterno, e que apesar de o dinheiro realmente rolar, eu não posso e não devo me acostumar com ele. Por isso aprendi a não esbanjar, e focar no que é realmente importante pra mim. Aproveitar essa fase na prostituição para me adiantar, e não para estagnar aqui.

Dinheiro é bom. Ótimo, aliás! Mas a vida segue, e não dá pra viver só em torno dele. Prostituição é uma profissão que se mistura muito com nossa vida pessoal, inevitavelmente, e tem horas que isso pesa.
Se eu fosse solteira (assunto que pouco comento aqui, mas tem uma pessoa esperando ansiosamente pelo momento da minha parada), e não tivesse filho, acho que eu até ficaria mais um (bom) tempo nessa. Pra falar a verdade, gostaria de ter emputecido mais cedo e aproveitado mais. Mas comecei aos 25, estou chegando aos 27 e com vontade de ter uma vida normal de novo (ou melhor dizer, pela primeira vez). Enfim, cada pessoa tem seu tempo e seus motivos né?

Eu tenho me esforçado pra alcançar as coisas que faltam, e aos poucos estou conseguindo. Não pretendo parar hoje, nem amanhã ou semana que vem, mas é questão de mais alguns meses, creio eu.

O que vou fazer depois? É o que a maioria me pergunta. Bom... Vida que segue, né? Pretendo trabalhar normalmente, como sempre trabalhei. A diferença é que dessa vez com casa própria, carro, e a vida mil vezes mais estabilizada. Totalmente diferente de quando comecei, que morava em um quartinho úmido e mofado, longe da minha filha, e às vezes tinha que viver a base de miojo por falta de grana pra uma refeição decente.

Agora em Abril retomo meus estudos, e esse é um dos passos que mais me alegra. Parei de estudar logo que a minha mãe faleceu, e lá no fundo sentia que "fiquei pra trás", mas não dava o passo de voltar aos estudos por falta de tempo, dinheiro, vergonha na cara (principalmente), enfim... Dar esse passo é um recomeço real na minha vida. Depois vem faculdade e tudo mais que eu quero... Mas não há motivos pra ter pressa. Estou procurando viver um dia de cada vez (o Yoga tem sido um grande aliado, me ensinando a estar no momento presente).

A prostituição me serviu (e ainda serve) pra pular bastante degraus, mas em algum momento vou ter que voltar a subir devagarinho - e com calma tudo se consegue!

sexta-feira, 18 de março de 2016

Pé de Cana

Não posso afirmar com toda certeza - pois não fiz nenhuma pesquisa sobre - mas no tempo que trabalhei à noite tive a impressão que o álcool é um problema maior do que as drogas entre as meninas.

Eu quase caí nessa.
Era muito mais tranquilo atender sob efeito de álcool. Eu descobri que ficava mais solta e relaxada, então em dias de mais movimento eu bebia para trabalhar melhor.
Logo chegou pra trabalhar uma menina que bebia mesmo, todos os dias, de manhã, de tarde e de noite. Quando ela dormia na casa, no café da manhã já tomava uma latinha de cerveja. O mais engraçado é que ela não ficava bêbada, pelo menos não parecia alterada, acho que era o estado natural dela rsrs!
Todos os dias ela chegava com uma garrafa de vodka e um energético ou refrigerante, e sem perceber eu e as outras meninas já estávamos no mesmo ritmo. Claro que não era culpa da moça, afinal bebe quem quer... E confesso que a gente se divertia bastante! Nós deixávamos uma garrafa atrás da televisão, cheia de vodka e um pouco de energético, e dávamos SUPER goles antes de cada atendimento.
Chegamos a fazer um rodízio, cada dia uma levava a bebida. E não sobrava nada pra contar história no dia seguinte!

Quando fui para as boates a bebedeira continuou. Geralmente as boates dão uma dose (ou umas, depende a boate) para as meninas no início da noite. Eu sempre pedia a minha dose bem forte: "caprichada, pra incorporar a Juliana". E continuava bebendo no decorrer da madrugada, pois (além de gostar) ganhava comissão pelas bebidas que os clientes pagavam pra mim.

Não demorou muito para ver que estava bebendo demais. Mal chegava na boate e sentia uma verdadeira necessidade de beber. Minha qualidade de vida também não estava aquelas coisas: acordava super indisposta no dia seguinte, me sentia inchada, minha imunidade caiu bastante e sem falar que cheguei tropeçando em casa algumas vezes, o que acho horrível.

Eu vi que não estava legal e fiz o caminho de volta, decidi parar de beber tanto. 
Conversei com o pessoal do bar e pedi para fazerem uns drinks falsos pra mim. Geralmente colocavam só energético.
Não parei de beber totalmente (não dispenso minha cervejinha aos fins de semana), mas nada comparado a antes.

Lembro de uma menina que fazia shows que tomava umas doses fortíssimas antes de cada show, e ela fazia uns 3 show na noite - fora as bebidas que os clientes davam.  Sem beber, ela não conseguia. E isso era muito comum entre as meninas que faziam show. Eu mesma só criava coragem pra fazer strip depois de uma dose de coragem (e uma de álcool).
Uma vez uma menina caiu do pole dance com as costas em um balcão de mármore e saiu de ambulância.

Teve uma época que as meninas estavam bebendo demais, então a dona da boate disse que daria somente UMA dose para cada. Como eu não estava bebendo, algumas pediam para eu pegar a minha dose pra dar pra elas, ofereciam até dinheiro.
Banheiro vomitado era rotina.

Uma das meninas era novinha, tinha acabado de fazer 19 anos e havia começado a trabalhar a pouco tempo. Em um mês ela se transformou, bebia demais e fazia uns escândalos fora de série. Lembro de uma ocasião em que eu estava conversando com um cliente e vi ela passando e esbarrando em umas mesas. Fiquei de olho, pois vi que ela não tava legal, e de repente vi ela "sumindo" nos últimos degraus de uma escadinha que levava ao camarim. Quando fui atrás, lá estava ela engatinhando pelo chão e pedindo pra deixar ela deitada em um canto da boate. Claro que não deixei.

No dia seguinte acordo com uma mensagem da criatura perguntando o que aconteceu, porque estava morrendo de dor no pé!

"Amiga, sua LOKA! Você caiu na escada, se espatifou no chão, andou "de gatinho" e queria dormir no chão. Só isso!".

A noite e seus encantos, hahaha!