quarta-feira, 20 de abril de 2016

2.7

Hoje acordei me sentindo mais leve, mais segura, e ainda mais positiva. É meu aniversário de 27 anos (com carinha de 25, e com 24 nos anúncios 😆).

Estou começando a ter aqueles pensamentos de "queria ter aquela idade, com a cabeça de hoje". Mas a vida é feita de fases, e eu continuo me sentindo como se tivesse 15 anos. Sou a mesma pessoa, a mesma essência, porém com mais experiência - e isso é ótimo, considero "ponto pra mim"!

Um dos pontos positivos do meu trabalho é que eu lido com as pessoas de modo mais íntimo, e acabo conhecendo várias histórias de vida, de superação. Também vejo clientes de tudo que é idade, e muitas vezes não vejo tanta diferença entre um de 35 e um de 50, 55, 60... Continuam com sonhos, vontades, desejos - e a grande maioria correndo atrás disso.

Por isso hoje, completando 27 anos, sei que tenho a vida inteira pela frente e que posso conseguir qualquer coisa que eu quiser. Tempo para isso eu tenho (se for da vontade de Deus).

Me presenteei com o retorno à academia (não estava mais indo pois tenho que acordar muito cedo para conseguir conciliar - mas vou superar a preguiça matinal), e com a promessa a mim mesma de que tenho apenas mais 6 meses de trabalho pela frente.
Já havia falado por aqui que tenho pensado muito na minha aposentadoria, e agora enfim estou decidida. Não que eu esteja infeliz na profissão nem nada disso, por mim quem sabe até ficaria mais tempo, mas minha vida pessoal me chama e eu sinto que é hora de viver outras coisas.

28/10/2016 será meu último dia de "Juliana Ramos", sinto até um frio na barriga de escrever isso aqui, mas sei que agora que divulguei a data, vou me cobrar muito mais para cumprir esse prazo.

No mais, só tenho a agradecer. Uma das coisa que aprendi nesses 27 anos é que a gratidão é uma carta de amor que a gente envia ao universo, e eu sou muito grata pela minha vida, minha saúde, minha familia, e pelas pessoas que cruzam o meu caminho sempre ensinando alguma coisa.

Nada é impossível para um coração cheio de vontade!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

La Gringa

Umas semanas atrás postei sobre a noite e as drogas. Hoje, pensando no assunto, lembrei de uma grande figura que conheci nos primeiros meses de trabalho.
Chamávamos ela de Gringa. Era argentina, paraguaia ou uruguaia - não lembro direito. Muitas meninas de países vizinhos vem trabalhar aqui no Brasil.

A Gringa tinha quase 40 anos, e cheirava muita cocaína. Ela meio que vivia para o vício (mas não incomodava ninguém), estava quase sempre sem grana, morava longe da filha e vivia em um relacionamento abusivo.
O marido dela era envolvido com tráfico e já tinha sido preso algumas vezes. De vez em quando ele ligava pra ela, pressionando-a a ganhar mais dinheiro. Eu ouvia ela falando:

-Mas mi amor, o movimento está fraco!

Ela era uma "puta velha". Não me refiro a idade, mas sim a experiência nessa vida. Trabalhava a muitos anos e me ensinou bastante coisa, até sobre minha própria segurança. Ela era uma pessoa boa.

Lembro de uma vez que a zona fechou e fomos dormir, e ela ficou me contando algumas histórias cabeludas que já tinha passado, como ficar refém de homens armados ou pular de um carro em movimento  (ela trabalhou na rua - o que eu considero arriscado demais).
Também falou sobre o "amado" dela, e do medo que ela tinha dele.

Aprendi a não julgar as pessoas, e a Gringa me serviu de lição. Apesar de ser usuária, e aparentemente uma pessoa que, talvez, não tenha feito escolhas muito boas na vida, ela tinha um bom coração.
Quem somos nós pra julgar as escolhas dos outros? Ainda mais quando essas escolhas não fazem mal pra ninguém, a não ser para a própria pessoa?

Nossa cafetina vivia implicando com ela. Humilhava-a na frente de todas as garotas. Eu me perguntava como ela aguentava aquilo!
Um dia a humilhação chegou ao extremo... Era um sábado de movimento, e o marido da Gringa estava na cidade e ela precisou ir embora mais cedo. A cafetina começou a gritar, xingar, e jogou as coisas dela na rua. Foi horrível.
Ela foi embora, e eu nunca mais a vi.

Tenho um anel e um brinco que ela me deu. Não sei porque, mas um dia ela falou "é pra você...pra dar sorte". Não chegamos a ser mui amigas, mas o pouco tempo que convivemos foi o suficiente para notar algo de bom uma na outra.
A vida é feita disso... Pessoas que vem, que vão, algumas que servem de lição, de experiência, que nos ensinam algo, e algumas que se tornam especiais mesmo que sigam caminhos diferentes.

E eu desejo sorte para ela, onde estiver! 
🍀🍀🍀

terça-feira, 12 de abril de 2016

A Rica!!!

Hoje estava conversando com um cliente sobre como foi quando comecei a "ganhar dinheiro". Não, eu não fiquei rica. Teria que ter "emputecido" mais cedo, ou adiar (e muito) minha aposentadoria pra isso.

Não posso negar que muita coisa mudou, tendo em vista que quando comecei eu morava em um quarto/banheiro úmido e mofado e mal tinha dinheiro pra me alimentar decentemente. Mas, em resumo, continuo sendo uma mera mortal que tem contas a pagar.

Só que conversando sobre isso, lembrei de uma história bizarra que não sei como não tinha virado post ainda!
Gente... Assim que comecei a ver a cor do dinheiro, me deslumbrei "um pouco". Comprei roupas e mais roupas, maquiagens, calçados, e tudo mais que eu tinha vontade e não podia trabalhando como caixa de lanchonete ou vendedora de trufas.

Lá pela terceira semana de trabalho combinei de sair com uma menina da casa, que trabalhava junto comigo. Fomos jantar fora. Casquinha de siri, camarão, ostras, e cerveja - MUITA cerveja.
Encontramos dois conhecidos meus, e eu pedia pra ela "Pelo amor de Deus, não me chama de Juliana. Eles não podem descobrir que sou GP!" - estava começando, e ainda não tinha uma opinião formada sobre se deveria falar ou não a origem da "mudança repentina" em minha vida.
Só que a cerveja já tinha sido tanta, que 10 minutos depois eu mesma já tava falando:
-Sou puta mesmo! - e abria a carteira, dava risada e me achava rica.

Acho horrível gente bêbada. Principalmente quando essa gente sou eu hahaha.
Na continuação da noite tive uma brilhante ideia:
-Vamos comprar vodka e energético e vamos beber num motel.

Lá fomos nós. Chegando na recepção eu dizia:
-Quero a suíte mais caraaa! A melhooor!

Eu estava tão deslumbrada que jogava os sais de banho para o ar e gritava
-Acabou a miséria!!
-Agora só quero Victoria Secret!!
(A LOKA!)

Sei que o dia amanheceu, e eu precisava viajar.
Chegando na rodoviária, enquanto esperava o ônibus, ajudei dois pedintes. Dei 100 reais pra cada um e ainda tentava dar uma ajuda moral:
-Eu sei como é passar dificuldade, eu virei garota de programa a pouco tempo, estou mudando minha vida.
(OLHA OS ASSUNTOS!!)

Pensem na minha cara quando lembrava das coisas depois (e quando olhava pra minha carteira, principalmente).
Foi uma experiência pra nunca mais, hahaha.

Depois dessa aprendi que quem guarda sempre tem, e que meu dinheiro não vem fácil, então não pode ir tão fácil também.
Mas dou boas risadas quando lembro dessa cena toda que eu mesma fiz! Pobre quando ganha dinheiro é foda! 😂😂

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Amadurecendo

O amadurecimento acontece através das experiências. Não é de uma hora pra outra, nem do dia pra noite. Ninguém acorda um belo dia e "puff" - amadureceu.
As vezes é necessário sofrer um pouco, como um fruto que passa dias, noites, sol, chuva, até atingir o ponto ideal. Alguns não chegam a amadurecer, outros ficam ótimos e suculentos!
Também não tem nada a ver com idade ou tempo. Ser uma pessoa madura não significa ser ranzinza ou sério demais. Pelo contrário: podemos dizer que amadurecemos quando paramos de nos aborrecer diante de qualquer coisinha e começamos a levar a vida com mais calma e leveza. Conheço pessoas de 60 anos que ainda não aprenderam, e outras de 20 e poucos que "dão um banho".

Eu posso dizer que amadureci muito nos últimos tempos. Gosto de chamar esse amadurecimento de evolução também. Evolui como pessoa, mãe, mulher, ser humano. Tive lições de humildade e de auto conhecimento que jamais imaginaria. Superei a mim mesma incontáveis vezes. Conheci e continuo conhecendo todo tipo de gente e milhares de histórias de vida.

Aprendi a priorizar o que é realmente importante, e focar no que eu quero - afinal, certas coisas só dependem de mim mesma.
Aprendi também a me valorizar. Pasmem! Em meio a prostituição, onde muitas mulheres sem sentem sujas e inferiores, e mesmo cercada de tanto preconceito, foi onde descobri que tenho valor - e não é só financeiro.
Aprendi a pensar mais em mim, a me impor. Vivo num meio em que é "cada um por si, Deus por todos", e por mais que a gente conheça pessoas legais no meio do caminho, cada um está atrás do seu dinheiro (ou do seu prazer). Pensar em mim não é egoísmo, mas é amor próprio - até porque as pessoas que nos querem bem, vão sempre ficar feliz ao ver a gente "indo pra frente".

E por fim, mas não menos importante, hoje mais do que nunca sei que a vida é feita de fases, ciclos, ou como quiser chamar.
Um dia de cada vez, e devagar se vai longe!