sábado, 30 de dezembro de 2017

Feliz Ano Novo!

E lá se vai mais um ano... Tenho tanto a agradecer!
Foi um bom ano!
Cresci como pessoa, conquistei coisas inimagináveis para mim até uns anos atrás, e a vida continuou linda, plena e com seus altos e baixos, independente de "Juliana Ramos". Outra vida!

Provavelmente em breve farei um post de despedida do blog. Sinto muito! Mas já não me sinto à vontade para compartilhar muitas coisas aqui, afinal hoje tenho apenas uma vida: a minha vida pessoal. E sinceramente não tenho vontade de expô-la (e garanto que nem seria tão interessante para a maioria, rsrs).

Mas por enquanto deixo aqui minha gratidão e carinho por todos que me acompanham.
Meu desejo é que a gente continue buscando nossa melhor versão: por nós mesmos, e pelas pessoas que amamos. Que não nos falte coragem e saúde!

FELIZ 2018!

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Pane no Sistema

Até uns anos atrás minha vida foi bem conturbada, talvez os leitores mais "antigos" saibam disso. Muitas vezes eu evitei (e confesso que as vezes ainda evito) falar sobre meu passado, afinal, é PASSADO... Já foi! Não gosto e nem preciso ficar me vitimizando, ou lembrando para as pessoas sobre tudo que já passei, até por que quase todo mundo já passou uns perrengues na vida - alguns mais, outros menos.

Eu não sou mais que ninguém, mas não sou menos também. Sou uma pessoa que cresceu sem estrutura familiar e que fez escolhas erradas. Não existem culpados, apenas aprendizados.
Fui uma criança mimada, me tornei uma adolescente rebelde, chata e egoísta. Eu revidava quando minha mãe vinha me dar uns tapas, e achava normal quebrar tudo na hora da raiva. Apanhei muito (e não foi da minha mãe) pra aprender a "baixar a bola".

Depois que minha mãe se foi, eu me droguei. Me droguei demais, me entreguei pra pessoas por carência, deixei meu amor-próprio totalmente esquecido e amassado em um canto qualquer (apesar de, aparentemente, passar a imagem de uma jovem independente, segura e cheia de si), e demorei pra perceber que estava "feia na fita". Na verdade, acho que só percebi quando eu consegui sair do meu fundo do poço.

Há uns 4 anos atrás, acabei indo morar em uma favela, em uma situação de vida bem precária. Me envolvi com um tráfico "chinelo", de migalhas (pois nem era muito lucrativo), sempre envolvida com outro usuário, muitas vezes mal tinha o que comer, e fiquei meses e meses sem ter um botijão de gás em casa. Passei por relacionamentos doentios, abusivos, e degradantes.
Apanhei durante 6h trancada em uma casa, desmaiando e acordando a base de socos, tapas, puxões de cabelo, chutes - sem falar nas facas e garfos arremeçados. Caminhei pela rua durante a madrugada, com o agressor atrás de mim com uma lajota na mão ameaçando jogar na minha cabeça a qualquer momento.

Um dia cansei de tudo aquilo, e percebi que precisava de grana pra mudar alguma coisa na minha vida. Fui pra zona.
Me prostituí e conheci um lado da vida totalmente novo e diferente, mas que me transformou como mulher, como ser humano.
Enfrentei meus próprios fantasmas, e as noites solitárias após grandes noitadas me fizeram enxergar quem eu sou realmente. Ali comecei a me encontrar, me estabilizar, e me levantar. Foi uma fase de auto-conhecimento incrível (e pesada, diga-se de passagem).

A vida foi tão generosa comigo que foi colocando pessoas maravilhosas no meu caminho. Amigas/irmãs, e um companheiro que nem se eu levantasse a mão pros céus um milhão de vezes seria o suficiente pra agradecer. Consegui formar uma família, me consertei com meu passado e com pessoas importante para mim que, devido a minha "vida louca" anterior, fiquei mais de uma década sem ver. Fui agraciada com a chance de ter uma VIDA "normal".

Hoje posso dizer que sou feliz e grata por tudo, mas não pensem que todos os dias são fáceis... O passado deixa marcas, não tem jeito.
Descobri que após tudo isso, me tornei uma pessoa extremamente ansiosa, sempre com mil coisas na cabeça, fazendo lista de afazeres extremamente detalhadas que me deixavam frustrada cada vez que eu não conseguia cumprir por completo.
Mil projetos na cabeça, vontade que tudo aconteça rápido, cheguei a fazer planejamento financeiro até 2020... Resultado: A bomba estourou. Tive uma crise de ansiedade, palpitações, falta de ar, tremedeira, e muitas lágrimas.
Precisei falar, chorar muito, colocar pra fora tudo o que eu guardava dentro de mim. Foi difícil, mas necessário.

Tudo isso me serviu para parar e respirar um pouco. Também foi bom para organizar a mente, e ter certeza do que eu realmente quero pra minha vida. O mais importante é VIVER UM DIA DE CADA VEZ.

Mas, ficou também a questão...
Será que quero continuar assinando como Juliana Ramos?
Será que não é hora de fechar esse capítulo da minha vida definitivamente?

Eis a questão!
Continuo aqui, refletindo...

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Páginas Do Meu Diário

Florianópolis, 30 de Janeiro de 2015

04:45h - Faz mais ou menos uma hora que a boate fechou. Me "desmontei", tomei um banho frio e relaxante, deixei a água escorrer por cima de mim - até que uma das meninas começou a bater na porta e gritar pra eu sair. Ela estava bem alterada, o que não é de se estranhar após uma noitada dessas.
Eu deveria estar dormindo agora. Estou bem cansada, meus olhos chegam a arder, e minhas pernas doem de tanto que subi e desci escadas na função salão-quarto hoje. Mas o sono não vem, por isso eu vim escrever.

É muito difícil ficar sozinha aqui. Sozinha, mesmo cercada de gente.
Sozinha, com o bolso cheio, e sem conseguir dormir. Hoje estou me sentindo suja, nojenta, e minha vontade é só chorar.

Estou ganhando um bom dinheiro. A casa de massagem que eu estava trabalhando é uma piada perto disso aqui. E sei que perto do que passei lá, isso aqui é um paraíso!
Aqui tem acomodação especial para as meninas, cada uma tem seu quarto (lá eu dormia nos mesmos quartos onde fazíamos os programas). Até alimentação eles dão aqui, veja só! 

Era pra eu estar mega feliz. Estou grata pelo dinheiro que estou ganhando, afinal é isso que eu queria. Mas tem noites, como essa, que me sinto um cocô no fim da noite.
Ficar no bar caçando programa, aturando velho bêbado e filhinho de papai folgado, é dose! Conversar, rir, beijar, e ter que ser carinhosa, quando não estamos com a mínima vontade, é horrível!

Mas fazer o que, se é isso que eu escolhi? Fazer o que, se é isso que tá rendendo? 
Não vou jogar tudo pro alto. Não vou mesmo! 
Sei que vai chegar o dia que não vou mais precisar passar por isso. Vou ter uma vida normal. Não entrei nessa em vão, não vou passar esse sofrimento a toa. 

Outro dia está raiando... E tudo vai ser diferente.
Que Deus me guarde, me guie, e me confortee.
É só uma noite difícil!

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Inversão Fracassada

Hello babys!
Vamos de "causo", pra lembrar os velhos tempos?

Não sei se vocês sabem, mas INVERSÃO é um dos fetiches que fica entre os "TOP MAIS PEDIDOS", fácil! Não que grande parte dos homens peça (apesar que muuuitos - talvez a maioria - curtem uma lingua ou um dedinho, embora uma minoria assuma isso), mas quando se trata de fetiche mesmo, muitos procuram GPs pra realizar a tal da INVERSÃO. Pra quem não sabe o que é, basta prestar atenção no nome... Inversão é quando os papéis se invertem, ou seja, o homem quer ser penetrado.
Geralmente a gente usa um consolo pra fazer isso, e é ainda melhor se tiver uma cinta (cinta-caralha como eu costumava chamar), pra fingir que o pau é nosso mesmo (eles adoram a sensação e o visual).

No começo eu fugia de INVERSÕES como o diabo foge da cruz. Morria de medo, ficava sem jeito, não sabia como agir. Então, eu negava todos (época distante em que eu era inexperiente rsrs)... Até que um dia o cliente não me avisou, e quando entrei no quarto ele já estava de 4, de calcinha, e pedindo pra comer o fiofó dele. 
Eu comi, e descobri que não era nenhum bicho de 7 cabeças. E muitas vezes até preferia comer do que ser comida, dependendo da situação e do cliente, é melhor, mesmo!

Geralmente era bem tranquilo, mas alguns se empolgam... Foi o que aconteceu com o cliente de uma grande amiga, a Japa. Ele pediu inversão, ela topou, e lá foram "brincar".
Mas na hora H, ele achou que ela estava indo devagar demais e começou a reclamar:

"Mete mais forte" - e ela metia
"Mete com mais força" - e ela metia
"Faz isso direito" - e ela continuava metendo

Até que ele, não satisfeito, pegou o consolo da mão dela, sentou em cima e começou a PULAR com o c* no consolo:

"É assim ó..."
"Tem que meter assim, desse jeito" 
Com o maior tesão e violência.

Gente, o cara pulou tanto, se empolgou tanto, que O CONSOLO SIMPLESMENTE ENTERROU NA BUNDA DELE!! 
Sim, caros amigos, o pinto-de-borracha entalou no c* do cara. E pra tirar, agora?
Ele começou a puxar, a tentar, ficou de 4, de lado, a Japa tentou também, e nada. O negócio criou um vácuo lá dentro e não tinha jeito de tirar.
Já estava bem humilhante, mas teve que piorar...
Tiveram que chamar uma ambulância, e levá-lo pra retirar o objeto estranho do seu orifício anal.

Quem rir não vai pro céu, hein!
Portanto, caros amigos, deem a vontade, mas não pulem com violência!!

Grande beijo!

sábado, 27 de maio de 2017

Breve Demora

Hoje me dei conta que fazem exatos 2 meses que não posto NADA no blog! Pois é, por mais que eu sempre encerre os posts dizendo que volto a escrever em breve, esse breve demora um pouco.

Estou vivendo outras coisas, outro ramo (uma hora dessas conto pra vocês), e sinto que a fase de Juliana Ramos realmente passou. Foi importante, diria que foi uma fase transformadora em vários aspectos, mas foi realmente uma fase! Uma fração da minha vida, que tenho inteira pra viver.
Não sou só Juliana Ramos. Não sou só um corpo e pernas abertas... E confesso que, na época, me sentia mal quando era tratada como objeto. Hoje enxergo que estava levando para o lado pessoal - que às vezes se torna difícil de separar. Juliana era um personagem, mas o corpo é meu, enfim...

Foi uma fase bem complicada emocionalmente, como já citei por aqui. Demorei um pouco pra me recuperar de tudo, ser GP exige um psicológico da porra - com o respeito da palavra! 
Eu desviei algumas vezes, tive uns dias e até semanas bem depre enquanto trabalhava, é complicado.

Mas hoje estou bem! Vivendo minha vidinha tranquila, correndo atrás dos meus objetivos, do jeitinho que eu sempre quis.
Sou grata por isso!

Tô estudando e trabalhando pra caramba, e tô achando isso maravilhoso! Porque estou vendo as coisas, pouco a pouco, indo pra frente.
Fazem 7 meses que parei de fazer programa e, ao contrário do que ouvi inúmeras vezes, não penso em voltar.

Aprendi a respeitar pra caramba as mulheres que encaram essa vida de forma séria, que usam a cabeça. Não acho legal fazer programa pra gastar o dinheiro só com roupas, baladas e luxinhos. Nada contra, só minha opinião e também uma dica para as que pensam em entrar nessa: usem o dinheiro sabiamente. Estudem, adquiram algo! Daí sim vale a pena. Não se sacrifiquem por pouco, e não esqueçam que o dinheiro não vem fácil como muitos pensam! Valorizem!!

Volto em breve (???)!
Grande beijo!

sábado, 11 de março de 2017

Histórias de Motel

Sair para atender em motel sempre me deu um frio na barriga. Estava fora do meu ambiente, sozinha com um cliente, sem vizinho ou cafetina por perto. Mas nos 2 anos que atendi como GP, os melhores clientes eram os que pediam para serem atendidos em motel.

Geralmente são clientes que preferem ir a um local "seguro" ao invés de ir ao local da garota - que muitas vezes podem trazer sustos (já ouvi umas historias bem estranhas, como um cliente que foi ao local e chegando lá se deparou com um colchão de solteiro no chão da cozinha - detalhe: colchão velho e sem lençol 😮). Conseqüentemente, esses clientes costumam ser mais exigente$. Eles tem grande probabilidade de se tornarem clientes fixos também, não sei se tive sorte mas a grande maioria (chutaria 90%) dos que atendi em motel eram bons clientes.

Entre indas e vindas de motéis manti alguns taxistas oficiais. Uma ex-cafetina-atual-amiga, e também o V., um taxista gente boa mas que no fundo era preconceituoso (ele cobrava baratinho, era rápido e não ficava me dando cantadas, por isso o mantive e ignorava os comentários estilo "nossa...tenho uma amiga que é GP e no Facebook fica postando fotos com os filhos e se fazendo de boa mãe"). O que uma coisa tem a ver com a outra? Eles me deixavam na entrada do quarto do motel, e me buscavam no mesmo local, no horário marcado. Sempre achei importante ter alguém de confiança que sabia exatamente o local em que eu estava.

Também aconteceram algumas histórias nos motéis da vida...

Uma vez estava com um ótimo cliente e na hora de subir na cama ele machucou o joelho. Machucou de pingar sangue por todo lado, e não parava. Estragou a transa, e ficamos conversando e fazendo massagem nos pés. Tirando a parte do joelho, até que foi legal.

Outra vez o cliente saiu do banho correndo para pular na cama, escorregou e caiu FEIO no meio do caminho. Demorou quase meia hora para ele conseguir se mexer novamente, e ele só pedia:
-Não chama ninguém! Eu vou levantar!
Fiquei preocupada de verdade. Claro que não teve programa (mas recebi meu cachê).
Ele foi embora todo entrevado, torto, e espero que esteja bem pois nunca mais apareceu.

Uma colega passou por uma situação tão complicada quanto (ou até pior, eu diria). Ela foi tomar banho e o cliente inventou de esperá-la sentado na pia do motel. Resultado: a pia quebrou e um pedaço do mármore fincou na coxa do homem. Foi embora de SAMU... Como explicar para a esposa? Eis a questão!

Falando em SAMU, lembrei de uns "causos" estilo primeiros socorros... Cada coisa que acontece!
Conto na próxima!

Grande beijo!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Ciclista Apaixonado

Dias atrás fui visitar uma grande amiga que vivenciou a época de casas de massagem e boates comigo. Foi muito bom sentar, conversar e dar boas risadas lembrando aquela época. Depois que o tempo passa nem parece que fomos nós mesmas que vivemos tudo aquilo, isso significa que evoluímos, mudamos, crescemos. Acho que é impossível passar pela experiência de ser garota de programa e continuar sendo a mesma pessoa.

Entre muitas lembranças e comentários, o ciclista apaixonado veio a tona. Eu acho que já devo ter comentado sobre ele aqui pelo blog, mas vou contar de novo e detalhadamente para divertir um pouco vocês. O fato é verídico, e aconteceu comigo.

Eram meus primeiros meses como GP quando atendi esse cliente. O cara era bem baixinho e magrelo, mas isso é apenas detalhe.
Ele chegava na zona de bicicleta usando capacete de moto. Soube que ele morava em uma cidade vizinha, Palhoça ou Biguaçu - não tenho certeza agora - e vinha de bike até o centro de Floripa especialmente pra ter meia hora de prazer com alguma garota "sortuda". Eu fui a bola da vez!

O atendimento foi bem ruim (e não melhorou nas outras vezes). Era sempre do mesmo jeito: ele só queria de 4 e não gozava nunca, ficava cronometrando o tempo no relógio. Eram longos 30 minutos que me rendiam uma bela dor nos joelhos e nas costas. Mas enfim, eu estava lá pra isso né?
No fim do primeiro atendimento ele comentou algo como: gata, qualquer hora podemos sair juntos... Tem uma casa de uns amigos que é a sua cara!

E eu, já arrumando o quarto para o próximo cliente, respondi algo como claro, qualquer hora a gente vai. Sabe quando você responde por responder, mas sem intenção alguma? Foi o que eu fiz. Mas ele não entendeu.

Na sexta-feira seguinte, lá estava ele com a maravilhosa proposta:
-Então gata, amanhã podemos ir naquela casa que te falei. Podemos nos encontrar na rodoviária, mas assim... Tu paga a tua passagem e eu pago a minha! Você vai amar... Tem uma padaria lá perto, podemos comer uma coxinha e tomar umas cervejas... Mas cada um paga o seu.

Hahah, sério. Eu sou uma pessoa bem tranquila e até simples se comparada a muita gente por aí, nada contra comer coxinha e tomar umas cervejas (aliás, eu gosto muito), mas eu realmente não estava afim e achei até engraçado o jeito dele de frisar toda hora que cada um pagaria o que consumir.
Falei que não ia rolar, pois aos fins de semana ficava com minha filha (e era verdade).

Mas ele não desistiu... Ia todas as sextas fazer a proposta. Nem sempre fazia programa, muitas vezes ia só pra perguntar se eu iria na manhã seguinte.
Comecei a evitá-lo. Pedia para as meninas falarem que eu estava ocupada, atendendo, enfim... Mas ele era firme, e falava: tudo bem, eu espero. E realmente ficava lá sentado, me esperando.

Até que um dia resolvi falar que não iria rolar, que eu não estava afim, não queria me envolver com cliente, etc etc etc.
A resposta dele foi:
-Nossa, como você está fria hoje. Vou voltar outro dia.

Conversei até ele entender que realmente não iria acontecer.
Ele saiu resmungando, dizendo que eu havia perdido uma grande chance.
Depois, em outras casas de massagem, encontrei ele muitas vezes - e também muitas meninas que "fugiam" dele pois não aguentavam mais a criatura! Ele era figurinha carimbada nas zonas, e sempre se apaixonava por alguma menina.

Era sofrido, mas depois que passa a gente ri dessas situações - e como não rir?

Grande beijo pra todos!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Conhecidos

A grande maioria das GPs que eu conheci eram de outras cidades/estados. É difícil ver uma garota que trabalhe na sua cidade natal, pelo fato de correr mais risco de ser reconhecida.
Eu me arrisquei. Trabalhei como GP na cidade onde nasci e cresci, e SIM! Encontrei conhecidos pelo caminho. Confesso que no começo pensei "em uma cidade grande como Floripa, será difícil encontrar um conhecido", mas aconteceu, e não foi uma vez só!
Na hora sempre era um susto, uma situação meio constrangedora, mas no fim das contas... Estávamos todos no mesmo barco! Eu como puta, eles como clientes, então... Dane-se!

A primeira vez aconteceu logo na primeira semana de trabalho. Eu estava indo para o quarto com um cliente, quando vejo um colega de longa data entrando na casa. Demos de cara um com o outro, mas não falamos nada. Entrei no quarto, e fiquei sabendo que ele acabou não fazendo programa e indo embora. Em seguida mandei uma mensagem pra ele no Facebook, mas ficou por isso mesmo. Falamos normalmente hoje em dia, mas meio que "de longe", sem muita intimidade.

A segunda vez conseguiu ser um pouco pior. Eu estava de folga pois estava mal, com virose, diarréia, vômito, aquelas coisas BEM chatas! Mas eu morava na casa de massagem, então fiquei por lá mesmo, deitada em um dos quartos. No início da noite a cafetina pediu para um cliente-amigo me levar na Emergência, e quando estou saindo da zona... Dou de cara com um cara que estudou comigo na PRIMEIRA SÉRIE!!
-Fulana? - Ele perguntou, me chamando pelo meu nome real.
Corri pra dentro do carro e não falei nada. Não queria ser vista naquele estado, saindo de uma zona... Com certeza não acreditaria que era virose mesmo, e o boato seria: "puta tendo uma overdose" hahah!
Ele perguntou para outra garota:
-Essa não é a Fulana?
E a colega respondeu:
-Não, o nome dela é Juliana!
Vai que cola, né?

Ainda na casa de massagem, consegui ir um pouco mais além... Já comentei aqui que minha memória fotográfica não é lá aquelas coisas! Pois é... Só fui lembrar que conhecia o cara no meio da transa, hahah! E ainda porque ele falou:
-Você não é a fulana, que tantos anos atrás acampou em tal praia com o fulano, o ciclano e a beltrana?
Opa! Não é que sou eu mesma? 
Agora que já estamos aqui, vamos continuar... Pensei, e continuei! Ele nem era tão conhecido assim.

Na boate ocorreu mais um caso. Dei de cara com uns 3 colegas que estudaram comigo na 7ª série! No começo tentei negar até a morte, que meu nome era Juliana mesmo e blá-blá-blá. Mas não colou, e no fim das contas foi até bom. Demos boas risadas, e eles me trataram com o maior respeito. Não atendi nenhum deles, mas um dia estava bêbada e fiz strip na frente de um (eles eram clientes meio frequentes). Morri de vergonha depois... Pô! Estudei com o cara, é foda né hahah!

E por fim, já trabalhando somente por anuncios, um cliente ligou, agendou, chegou na hora e... Era mais um colega de escola! Êêêê! 
-Eu te conheço! - Falei
-Eu também! - Ele respondeu
Mas não atendi... Ficou por ali mesmo, e não tivemos mais contato.

Sabe, nunca tive medo de me reconhecerem e saírem espalhando por aí, até porque as pessoas que realmente importam na minha vida (e tem idade para isso), sempre souberam da verdade, então eu não tinha o que esconder. Mas que é uma situação esquisita, não posso negar!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Chute na Bunda

Não tenho dúvidas que as histórias mais cabulosas que aconteceram comigo foram no início, na casa de massagem - como vocês devem estar cansados de saber. Lá foi meu choque de realidade, foi onde eu conheci o que é a prostituição mesmo, e também onde tive que lidar com a cafetina mais doida que eu já vi.

Bom, ela não era a pior pessoa do mundo, mas também estava longe de ficar entre as melhores. O que mais me choca até hoje é o fato de que na maioria das vezes ela se trancava no quarto e ficava nos monitorando através das câmeras. Ou seja, ficávamos a mercê de qualquer um que entrasse, e acreditem: entrava muita gente estranha! Bêbados, drogados, fugitivos, enfim - de tudo

Os curiosos também faziam parte do enredo... Afinal, o acesso era praticamente livre. Bastava tocar a campainha, e pronto! Funcionava assim: a campainha tocava, as meninas se posicionavam em pé, uma de nós abria a porta, apresentava as garotas, informava os valores, e pronto!
Na maioria das vezes era só escolher uma garota e ir pro quarto. Outros preferiam ficar no barzinho bebendo alguma coisa. E outros olhavam, e iam embora.

Certa noite entrou um grupo de uns 5 caras e 1 moça... Saíram de uma balada e resolveram mostrar pra ela como era a zona. Ninguém fez programa, foram lá apenas pra olhar - e a gente odiou, é claro!

Outra vez foi o que eu chamei de cara da TV. Eu não sei se aquela criatura estava doida ou algo assim, mas era um cara MUITO abusado. Ele foi recepcionado, as garotas se apresentaram, e o sujeito simplesmente sentou-se no sofá e começou a olhar pra TV.
"Está escolhendo com qual vai ficar" - eu imaginei.

Depois de alguns minutos ele pediu pra trocar de canal. Perguntei se ele não iria fazer programa ou consumir algo. E ele simplesmente disse que não, que iria só assistir a TV mesmo.
Não dá vontade de socar uma criatura assim? Pois é... Pedi gentilmente pra ele se retirar, e ele se negou - enquanto isso, a cafetina no quarto!
Continuei pedindo, e em certo momento ele se levantou e foi pra perto da porta. Não tive dúvidas: abri, e falei que se ele não fosse embora eu chamaria a polícia.
Quando ele se virou para a rua, dei um chute na bunda dele que fez ele quase rolar pelos degraus, e fechei a porta correndo, hahaha - foi um ato corajoso da minha parte, mas que nos rendeu boas risadas durante aquela noite! Na falta de segurança, o jeito que encontrei foi aquele. Ainda bem que deu certo, ufa!

É como sempre digo, não era fácil, nunca foi! Mas que eu me divertia muito entre um programa e outro, não posso negar!
Afinal, em certos momentos temos que rir pra não chorar, não é mesmo?

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Noite de Terror

Primeiro post de 2017! - Que bom chegar até aqui! Que seja um ano maravilhoso, próspero, alegre, prazeroso... E que as dificuldades nos façam crescer, aprender, evoluir cada vez mais!
Depois de todas as festanças de fim de ano, enfim estou voltando ao ritmo normal da minha nova vida - ufa!
Tenho valorizado muito os momentos de paz, de tranquilidade, as noites bem dormidas... Sabemos bem que nem sempre foi assim!

Um dia desses lembrei de uma noite de terror que passei em uma casa de massagem. Logo que comecei a trabalhar, eu não tinha onde morar. Abandonei um quartinho mofado pra ir morar na zona. No segundo mês aluguei um apartamento, mas não ficava muito perto da zona, e no início ir todo dia de táxi pra casa pesava no meu bolso. Então depois que a casa fechava, eu ficava lá dentro até o horário do primeiro ônibus.

A casa ficava no centro de Floripa, um lugar sinistro nas madrugadas - como em toda grande cidade. Muitos viciados pelas ruas, assaltos a comércios, brigas, enfim. Mas a cafetina morava na casa, então eu ficava lá tranquila. Teve uma noite que um ladrão (que provavelmente já conhecia a casa - perigo de zona: TODO MUNDO ENTRA, E CIRCULA PELO LUGAR!), entrou pela janela do bar e levou uma televisão. Agradeço até hoje por ele ter se contentado com a tv e não ter explorado outras partes da casa!
Até que briguei com a cafetina. E precisei ir pra outra casa, no mesmo esquema: dormir lá até umas 6h (em dias de poucos movimentos as casas fechavam por volta de 2h). Era uma casa grande, bonita, com piscina e tal. Ninguém morava lá, então eu iria ficar sozinha. O problema é que me contaram que a casa já havia sido invadida também, mas eu não devia me preocupar pois tinham reforçado as fechaduras e agora haviam câmeras. Oi? De que me adiantam câmeras, depois que algo tiver acontecido?
Mas, fazer o quê? Gato com fome lambe até sabão! Estava sem dinheiro no bolso, o movimento da noite tinha sido ZERO, e eu realmente precisava esperar o ônibus por lá. Todas foram embora (eram poucas, umas 4 ou 5 meninas), e eu fiquei. Hoje penso como fui tola, em não ter pedido pra ir dormir na casa de alguma delas - vai que alguma tivesse bom coração!
Mas não... Eu fiquei!
E quem disse que fechei o olho? Qualquer barulho, lá estava eu olhando aquela sala cheia de monitores, olhando minunciosamente um a um, conferindo que não estavam tentando invadir. De repente, vi numa das telas um nóia chutando o portão da casa. Meu corpo tremia por dentro e por fora. "Logo ele vai sair", pensei. Mas ele continua chutando. O portão era de ferro, e eu ouvia o barulho lá de dentro.
Comecei a ligar pra dona da casa. Devia ser umas 4h da manhã, e ela não atendeu. Liguei 190. Passaram-se uns 40 minutos, o nóia desistiu, e a polícia não apareceu. Não preguei mais o olho, óbvio.
As 6:30h da manhã fui pra casa. As ruas ainda estavam cheias de viciados acordados e alucinados, mas já tinham alguns trabalhadores também, e eu agradeci. Nunca mais dormi lá, preferia gastar 80 de táxi todo dia, valia bem mais a pena!!