quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Sobre o Preconceito

Acho engraçado (ou triste) como em pleno 2015 algumas pessoas ainda generalizam a profissão. Acham que toda garota de programa é fútil, torra dinheiro com besteiras, bebe em excesso, usa drogas. Ou ainda que não tem vida pessoal, alguém que as ame, e que vão morrer na solidão. Digo isso porque li alguém no Facebook me dizendo praticamente essas coisas. Inclusive que eu deveria escolher entre escrever e fazer programa.

Como assim? Garota de programa não pode ter um hobby, fazer "coisas normais", ter uma vida "pacata" (se é que isso é possível nos dias de hoje)?

Nunca vi necessidade de expor minha vida pessoal, até porque não vem ao caso. O foco do meu blog é dividir experiências, e o foco da "Juliana Ramos" é sim fazer programa - afinal, foi pra isso que a "Juliana" nasceu. O que faço com o dinheiro, ou a forma como vivo minha vida são outros 500.

Ás vezes o preconceito/pré-julgamento me incomoda um pouco. Esses dias um cliente me perguntou se eu mesma escrevo meus textos, ou se conto as histórias para alguém redigir pra mim, pois "escrevo muito bem para uma garota de programa" (assim, com essas palavras).
Entendo que talvez ele quis dizer que seja um "desperdício de talento". Mas quem sabe os motivos que me levaram a ser GP, ou que levaram qualquer garota a entrar nessa? Ou que a garota não está usando o dinheiro para estudar, investir, cuidar da família, enfim?
Quantas meninas já conheci que usam o dinheiro para pagar faculdade! Sabe-se lá quantas médicas, advogadas, dentistas, e outra mais, se prostituiriam antes de se formar?

Muita gente acha que toda GP vive de badalação. Ficam de boca aberta se comento que estou em casa fazendo a janta, por exemplo. Talvez esperassem que eu comesse fora todo dia, tivesse cozinheira, ou quem sabe nem jantasse para me entupir de drogas em alguma balada. Tenho uma vida normal. A única diferença é que no meu horário de trabalho, faço sexo.

Tem ainda aqueles que acham que uma GP não é "digna de ser amada". A maior prova de amor que recebi até hoje foi alguém me dizer "vou esperar essa sua fase acabar, vou estar ao seu lado sempre" - e mais do que falar, me provar isso todos os dias. Entender o lado da outra pessoa, sem ficar impondo regras, é amor. E se tratando de amor: considero justa todas as formas dele. 

Sei que o preconceito vai continuar. Que milhares de pessoas sempre vão ter algo contra a falar. Mas que saber? Ninguém viveu minha vida, ninguém sentiu minhas dores, e o mais importante: ninguém veio na minha porta pagar minhas contas ou me dar dinheiro para resolver "meus pepinos".
Tinha outras formas de ganhar dinheiro? Sim, com certeza. Mas eu fiz uma escolha.
Eu tinha duas opções: esperar as coisas acontecerem lentamente, ou adiantar financeiramente tudo o que fosse possível, de uma forma mais rápida do que o "comum", para meu bem-estar e da pessoa que mais amo: minha filha.
Eu optei pela segunda opção, desculpa aí sociedade!

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Tarado do Ônibus

Voltando aos "causos da noite" (ou da manhã, tarde, madrugada).
Novamente na casa de massagem. Realmente, lá era o local campeão de "fetiches" e pedidos diferentes. Continuo achando que é porque o preço era mais em conta, e a rotatividade maior... Então, volta e meia acontecia alguma coisa que saía do comum.

O cliente era um senhor, devia ter seus 60 anos ou um pouquinho mais. Sempre "ia" com uma amiga minha, a Japa. Depois que ela foi embora da casa, começou a "ir" comigo. Era muito bom atender ele, simplesmente porque não precisava fazer NADA além de ficar parada, em pé, com as mãos para cima como se estivesse segurando o "ferrinho" do ônibus.
Já deu pra imaginar o que ele gostava? Sim... Se "esfregar", como se estivesse dentro de um ônibus.

O mais legal de toda encenação que ele fazia, é que entrava no quarto e dava boa noite para um motorista imaginário, fingia que pagava a passagem, para só então começar a se esfregar em mim. Não precisava tirar a roupa (afinal, ninguém anda de ônibus pelado), ele vinha por trás e ficava "roçando" de um lado pro outro, imitando o movimento do ônibus.
Gozava assim mesmo, nas calças. E ia embora.

Fico imaginando a vontade que esse homem passava cada vez que pegava um ônibus. Mas pensem bem: melhor matar a vontade com uma GP, do que fazer de verdade né?

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Puta só, ladrão só

A primeira cafetina pra quem eu trabalhei, sempre falava isso. Ela queria dizer que não existe amizade sincera nesse meio.
Tenho minhas dúvidas, pois conheci muita gente legal. Talvez não sejam "amigos eternos", mas são pessoas que aprendi a admirar.

Lá na primeira casa de massagem (onde tudo começou), entre indas e vindas de meninas, formamos uma equipe de 5 garotas. Éramos eu, a Bárbara, Isadora, Priscila e Suzi (nomes de guerra). Cada uma com uma história diferente, objetivos, defeitos e qualidades. Passamos tantas madrugadas juntas que já sabíamos praticamente tudo uma da outra - pensávamos até em fazer um seriado rsrs.
Apesar do ambiente (era muito punk trabalhar lá), a gente dava boas risadas. Sempre acompanhadas de uma boa e generosa dose de qualquer coisa que tivesse álcool (nessa época eu estava bebendo demais).
Todas iam para a casa no fim do expediente, eu era a única que morava na zona. Mas todas as sextas as meninas dormiam lá e a gente acordava na hora do almoço para fazer compras e tomar cerveja. Depois do almoço, era pegar no batente novamente, as vezes até as 6h/7h de domingo.
Cada uma seguiu seu caminho. Casaram, mudaram de emprego, algumas continuam trabalhando como GP. Mesmo sem nos ver com frequência, o carinho permanece. Nem que seja num "bom dia meninas" e conversas no nosso grupo do Whatsapp.

E assim é essa vida. Pessoas vem, e vão. A prostituição é  uma fase (pelo menos para mim), e eu tento aprender um pouco com cada pessoa que cruza meu caminho. É tanta gente, todo dia, que às vezes tudo se torna automático: clientes atrás de prazer, meninas atrás de dinheiro - meio que "cada um por si, Deus por todos". Mas em meio a tudo isso sempre surgem algumas pessoas que se destacam ou deixam lembranças boas.

Há uns 2 meses atrás conheci um cliente que foi muito legal pra mim. Nada de paixonite ou algo parecido, mas rolou uma amizade legal, sem sair do profissional - se é que me entendem. Do tipo de cliente que paga bem, respeita a acompanhante, e até leva pra jantar (tipo raro). Sexta-feira eu soube que nossas negociações acabaram, pois ele voltou com a mulher. Fiquei feliz por ele, e desejo sorte. Tem coisas que o dinheiro não compra, e saber que em algum momento deixamos algo de bom na vida de alguém é uma delas.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Como Ser Uma GP?

De vez em quando recebo e-mails ou comentários pedindo dicas sobre como iniciar na vida. Bom, é sabido que segundo o Código Penal facilitar, induzir ou atrair alguém para a prostituição é crime, e essa jamais é ou será minha intenção.
É uma decisão que deve ser tomada sozinha (afinal, o corpo é seu) e tendo consciência das dificuldades, vantagens e desvantagens. A mulher que decide ser puta só porque leu algo a respeito, é porque tem a mente muito fraca, se influencia facilmente.
Não vou ser hipócrita em dizer que quando comecei, primeiramente fucei muito na internet. Já estava praticamente decidida, apenas não sabia por onde começar. E as informações eram muito escassas, nada que me explicasse algo ou me desse uma "luz". Fui atrás na cara e na coragem. Essa é uma profissão que se você não tem alguém pra te instruir (uma conhecida que já esteja nessa - o que não era meu caso, pois não tinha ninguém), tem que aprender na prática mesmo.

Bom, apesar do título do Post, eu não vou ensinar aqui como ser uma garota de programa. Mas vou deixar algumas dicas para aquelas que já estão decididas, e já estão começando ou começaram.

  • Tenha certeza que é isso que você quer. Pense nas consequências, se tem risco de alguém descobrir, se pode trabalhar tranquila, e se vai conseguir lidar com toda carga emocional, e física da profissão (nem tudo são flores).
  • Procure um lugar agradável pra trabalhar. Seja prive, casa de massagem, boate, sozinha, em motéis, hotéis, local próprio, enfim. Não se enfie em qualquer muquifo! E não se esqueça: a cara do ambiente, será a cara dos clientes.
  • Cuidado com as cafetinas/cafetões. Por mais que precise trabalhar, não aceite ser explorada. Quando comecei, trabalhei em uma casa de massagem onde além de receber pouco por programa (falta de experiência), não recebia um tratamento digno vindo da dona. (Assunto para outro post).
  • Você não é obrigada a fazer TUDO que o cliente pede. Imponha seus limites (por exemplo: se faz anal ou não, se faz oral com ou sem camisinha, enfim), paga quem quer. (Assim, curta e grossa).
  • Também não é obrigada a atender TODOS os clientes que surgem. Já falei aqui que não escolho cliente por aparência, mas também não precisa atender clientes sujos, drogados ou bêbados.
  • De qualquer forma, não esqueça que você é uma profissional. Seja agradável com seus clientes caso deseje que eles retornem. Um bom atendimento vai além do sexo, e faz toda a diferença. Lembre-se que um cliente que sempre volta, é um dinheiro garantido.
  • Ser puta não é nenhum bicho de 7 cabeças. Mas também não é das profissões mais simples do mundo. Não esqueça dos riscos em relação a segurança. Se for trabalhar agenciada ou em boate, procure lugares que ofereçam segurança e higiene para as garotas. Se trabalhar por conta própria, marque encontros diretamente no motel ou em lugares públicos. É sempre bom ter alguém de confiança que saiba o que você faz, para você sempre avisar onde estará, que horas vai e que horas volta. Deixe isso claro para o cliente também. (Até hoje nunca tive problemas sérios, mas o risco existe e é bom estar prevenida).
  • Camisinha sempre! - Sinceramente, acho que esse detalhe nem precisava ser dito né? Mas vale lembrar, porque inclusive tem clientes que oferecem dinheiro a mais para transar sem (SEM CHANCE!).
  • Guarde dinheiro. Essa é uma profissão que não dá retorno financeiro para sempre. Não esqueça do seu futuro!

Bom, sei que são dicas até "bobas", mas creio que talvez ajudem alguém. Nos meus primeiros dias fiquei mais perdida que cego em tiroteio. Mal sabia como agir, como me impor diante dos clientes. Agradeço até hoje a uma amiga, Japa, que certa noite ficou até as 6h da manhã conversando comigo e me explicando mil coisas. Me tornei outra Juliana depois daquela conversa, mais confiante e assim ninguém mais me tirou pra boba.

Ser GP está longe de ser vida fácil, e tem que ser muito guerreira e decidida pra ir adiante. Não é uma vida que indicaria para ninguém, mas como cada cabeça tem sua sentença, desejo sorte a todas!

sábado, 7 de novembro de 2015

Fetiches Estranhos

No último post relembrei o caso do possível necrófilo. Realmente ele era estranho, mas não foi o único atendimento esquisito.
As pessoas tem mais fetiches estranhos do que se imagina, e depois que comecei a trabalhar assim pude ter certeza disso.
Imagino que alguns não tem liberdade (ou coragem) pra fazer algumas coisas em casa, e acabam procurando uma profissional para matar as vontades mais íntimas (e diferentes).

Chuva dourada é fichinha. Volta e meia alguém pede. Pra mim é tranquilo, bebo umas 2 cervejas e já to pronta, rsrs.
Chuva de bronze (leia-se  chuva de cocô) eu nunca fiz. Mas já pediram algumas vezes (não muitas, mas pediram). Esses tempos descobri que existe até chuva de morango, pelo nome imagina-se o que é né? Sim, minha gente, menstruação! O cliente pediu para eu avisá-lo quando estivesse naqueles dias. Mas não rolou não...

Fuckface (resumindo: um oral caprichadão, do tipo fudendo com a boca mesmo) também já é comum pedirem, mas a maioria quer uma coisa bem... Profunda! A ponto de vomitar e tal. Ainda não tive estômago pra isso.

Esses são os fetiches mais "hards", sujos (no sentido de sujeira mesmo), sei lá como quiserem chamar. Poderia ficar horas citando tantas coisas diferentes que já me pediram. Podolatria, inversão e submissão já fazem parte do rotina - nem considero mais "diferente".

Um dos casos diferentes foi o "cara do chinelo". Não aconteceu comigo, mas com uma colega na casa de massagem (onde aconteciam os casos mais estranhos, rs).
O cara ligou perguntando se alguma das meninas tinha chinelo. A resposta foi positiva, pois não ficávamos de salto o dia inteiro (só quando tinha cliente).

Uns 40 minutos depois, a campainha da toca:
-Oi, liguei agora a pouco perguntando se alguma menina tinha chinelo. Quero ser pisado.
Como todas tinham, ele fez a escolha: Raquel.

Depois de uns 10 minutos que eles estavam no quarto, ela saiu pedindo nossos chinelos emprestados.
Resumo da história: o cliente deitou-se no chão, pediu pra ela ficar pisando nele (de chinelo, óbvio) e enquanto isso lambia os outros chinelos das outras meninas. Diz ela que ele lambia com tanta vontade, que gozou assim mesmo. Sendo pisado e lambendo chinelos.

Éca!

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Mortos Não Falam

Não é por ser Finados, mas hoje lembrei de um cliente que sempre "ia comigo" na época da casa de massagem. Lá era onde aconteciam os casos mais estranhos.
Sempre que entrávamos no quarto ele colocava o ar-condicionado no mínimo.
-Gosto assim. - Ele dizia.

Pedia para eu me deitar de barriga pra cima e ficar quieta, sem falar e sem me me mexer. Ele vinha e "fazia o serviço". Em 15 minutos estava pronto pra ir embora.
Considerava até um atendimento fácil. Era só ficar deitada, calada.

Certo dia, após uma das vindas dele, a cafetina da casa (que iniciou a carreira sendo puta também), me falou:

-Esse cara gosta que finja de morta né?

Hoje, escrevendo assim, parece óbvio. Mas juro que eu nem havia me tocado disso. Até então eu achava que ele era apenas o cara que gostava que eu ficasse parada.

Ela continuou:
-Ele trabalha no necrotério, cemitério, sei lá. 

E aí até a temperatura fria do quarto fez sentido pra mim (dããã).
Eu não consegui mais olhar o cliente com os "mesmos olhos". Por mais que ele fosse calmo e tranquilo, sempre ficava imaginando se ele transava com os corpos, ou sentia vontade mas matava a tara na zona.
Fiquei torcendo pela segunda opção, mas a idéia me parecia (e ainda parece) tão macabra que eu decidi não atendê-lo mais e sempre me escondia quando ele aparecia por lá.

Tem umas fantasias que não dá pra encarar...