quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Chute na Bunda

Não tenho dúvidas que as histórias mais cabulosas que aconteceram comigo foram no início, na casa de massagem - como vocês devem estar cansados de saber. Lá foi meu choque de realidade, foi onde eu conheci o que é a prostituição mesmo, e também onde tive que lidar com a cafetina mais doida que eu já vi.

Bom, ela não era a pior pessoa do mundo, mas também estava longe de ficar entre as melhores. O que mais me choca até hoje é o fato de que na maioria das vezes ela se trancava no quarto e ficava nos monitorando através das câmeras. Ou seja, ficávamos a mercê de qualquer um que entrasse, e acreditem: entrava muita gente estranha! Bêbados, drogados, fugitivos, enfim - de tudo

Os curiosos também faziam parte do enredo... Afinal, o acesso era praticamente livre. Bastava tocar a campainha, e pronto! Funcionava assim: a campainha tocava, as meninas se posicionavam em pé, uma de nós abria a porta, apresentava as garotas, informava os valores, e pronto!
Na maioria das vezes era só escolher uma garota e ir pro quarto. Outros preferiam ficar no barzinho bebendo alguma coisa. E outros olhavam, e iam embora.

Certa noite entrou um grupo de uns 5 caras e 1 moça... Saíram de uma balada e resolveram mostrar pra ela como era a zona. Ninguém fez programa, foram lá apenas pra olhar - e a gente odiou, é claro!

Outra vez foi o que eu chamei de cara da TV. Eu não sei se aquela criatura estava doida ou algo assim, mas era um cara MUITO abusado. Ele foi recepcionado, as garotas se apresentaram, e o sujeito simplesmente sentou-se no sofá e começou a olhar pra TV.
"Está escolhendo com qual vai ficar" - eu imaginei.

Depois de alguns minutos ele pediu pra trocar de canal. Perguntei se ele não iria fazer programa ou consumir algo. E ele simplesmente disse que não, que iria só assistir a TV mesmo.
Não dá vontade de socar uma criatura assim? Pois é... Pedi gentilmente pra ele se retirar, e ele se negou - enquanto isso, a cafetina no quarto!
Continuei pedindo, e em certo momento ele se levantou e foi pra perto da porta. Não tive dúvidas: abri, e falei que se ele não fosse embora eu chamaria a polícia.
Quando ele se virou para a rua, dei um chute na bunda dele que fez ele quase rolar pelos degraus, e fechei a porta correndo, hahaha - foi um ato corajoso da minha parte, mas que nos rendeu boas risadas durante aquela noite! Na falta de segurança, o jeito que encontrei foi aquele. Ainda bem que deu certo, ufa!

É como sempre digo, não era fácil, nunca foi! Mas que eu me divertia muito entre um programa e outro, não posso negar!
Afinal, em certos momentos temos que rir pra não chorar, não é mesmo?

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Noite de Terror

Primeiro post de 2017! - Que bom chegar até aqui! Que seja um ano maravilhoso, próspero, alegre, prazeroso... E que as dificuldades nos façam crescer, aprender, evoluir cada vez mais!
Depois de todas as festanças de fim de ano, enfim estou voltando ao ritmo normal da minha nova vida - ufa!
Tenho valorizado muito os momentos de paz, de tranquilidade, as noites bem dormidas... Sabemos bem que nem sempre foi assim!

Um dia desses lembrei de uma noite de terror que passei em uma casa de massagem. Logo que comecei a trabalhar, eu não tinha onde morar. Abandonei um quartinho mofado pra ir morar na zona. No segundo mês aluguei um apartamento, mas não ficava muito perto da zona, e no início ir todo dia de táxi pra casa pesava no meu bolso. Então depois que a casa fechava, eu ficava lá dentro até o horário do primeiro ônibus.

A casa ficava no centro de Floripa, um lugar sinistro nas madrugadas - como em toda grande cidade. Muitos viciados pelas ruas, assaltos a comércios, brigas, enfim. Mas a cafetina morava na casa, então eu ficava lá tranquila. Teve uma noite que um ladrão (que provavelmente já conhecia a casa - perigo de zona: TODO MUNDO ENTRA, E CIRCULA PELO LUGAR!), entrou pela janela do bar e levou uma televisão. Agradeço até hoje por ele ter se contentado com a tv e não ter explorado outras partes da casa!
Até que briguei com a cafetina. E precisei ir pra outra casa, no mesmo esquema: dormir lá até umas 6h (em dias de poucos movimentos as casas fechavam por volta de 2h). Era uma casa grande, bonita, com piscina e tal. Ninguém morava lá, então eu iria ficar sozinha. O problema é que me contaram que a casa já havia sido invadida também, mas eu não devia me preocupar pois tinham reforçado as fechaduras e agora haviam câmeras. Oi? De que me adiantam câmeras, depois que algo tiver acontecido?
Mas, fazer o quê? Gato com fome lambe até sabão! Estava sem dinheiro no bolso, o movimento da noite tinha sido ZERO, e eu realmente precisava esperar o ônibus por lá. Todas foram embora (eram poucas, umas 4 ou 5 meninas), e eu fiquei. Hoje penso como fui tola, em não ter pedido pra ir dormir na casa de alguma delas - vai que alguma tivesse bom coração!
Mas não... Eu fiquei!
E quem disse que fechei o olho? Qualquer barulho, lá estava eu olhando aquela sala cheia de monitores, olhando minunciosamente um a um, conferindo que não estavam tentando invadir. De repente, vi numa das telas um nóia chutando o portão da casa. Meu corpo tremia por dentro e por fora. "Logo ele vai sair", pensei. Mas ele continua chutando. O portão era de ferro, e eu ouvia o barulho lá de dentro.
Comecei a ligar pra dona da casa. Devia ser umas 4h da manhã, e ela não atendeu. Liguei 190. Passaram-se uns 40 minutos, o nóia desistiu, e a polícia não apareceu. Não preguei mais o olho, óbvio.
As 6:30h da manhã fui pra casa. As ruas ainda estavam cheias de viciados acordados e alucinados, mas já tinham alguns trabalhadores também, e eu agradeci. Nunca mais dormi lá, preferia gastar 80 de táxi todo dia, valia bem mais a pena!!