terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Crime Passional

Há pouco mais de dois anos atrás, conheci uma pessoa que demonstrava gostar muito de mim. Estava sempre por perto, e fazia todas minhas vontades. Eu, que na época andava carente demais me sentia desejada e amada por ele. A carência é um perigo, nos faz enxergar amor onde não existe, e nos deixa feliz com qualquer migalha.
Ele vivia dizendo que era louco por mim, mas eu não imaginava o tamanho dessa loucura.
Fomos morar juntos.
Com o passar dos meses, o ciúme começou me incomodar. Quando não estávamos juntos ele me ligava o tempo todo, comecei a me sentir sufocada, e eu já não me sentia a vontade para conversar com meus amigos e conhecidos na presença dele.
Resolvi terminar. Ele entrou em desespero, começou a chorar, implorar, quebrou um espelho e se cortou todo. Senti pena - e esse é o pior sentimento que podemos ter por alguém - passei a madrugada cuidando dos cortes que ele mesmo fez, e mudei de idéia. Sentamos, conversamos e ele prometeu mudar.
Mas não mudou. O ciúme continuava me incomodando, eu não podia conversar direito com ele sobre as coisas que eu pensava pois tudo o irritava e o "machucava".
Segunda tentativa de terminar, e ele tentou se enforcar. Até hoje penso que eu deveria ter deixado, mas mais uma vez senti pena e voltei atrás.
Alguns meses de sossego, e percebi que realmente não ia dar certo. Ele começou a mostrar sinais de agressividade, agora comigo. Volta e meia me empurrava ou apertava meus braços, que viviam roxos. E eu sempre inventado desculpas para justificar para quem perguntava. Perdoando, cedendo ao desespero e amor que ele demonstrava depois das agressões.
Psicopatas que agridem mulheres muitas vezes fazem as vítimas se sentirem culpadas pelo comportamento deles, e eu muitas vezes cheguei a me perguntar se não estava sendo uma boa mulher pra ele.

Nossa vida seguia "normal". Fazíamos tudo juntos, ninguém saía sozinho, ele me levava e me buscava no serviço. Mas eu realmente já não estava a vontade na relação, e um misto de medo e pena não me deixavam dar um passo a frente.  Um dia falei que queria me matricular na academia, e ele surtou.
"Como assim? Mulher minha não vai ficar de calça apertada para os outros marmanjos ficarem olhando!"

Engoli seco. Não aguentava mais. Quer dizer que eu não poderia fazer as coisas que tenho vontade, por causa do ciúme dele?
Comecei a arrumar minhas coisas - mesmo sem saber pra onde ir.
Falei que estava cansada, que queria viver e com ele não dava.
Ele pegou uma vassoura e começou a bater na parede.
"VOCÊ BRINCOU COM MEUS SENTIMENTOS!"


Veio pra cima de mim. Me batia, chutava, dava socos. Foi tão de repente que não tive reação.

Foram horas de desespero. Naquela noite, pensei realmente que ele iria me matar. Cada vez que eu tentava levantar, levava mais um golpe. Ele pegou um facão, e ficava parado na porta impedindo minha saída. Duas vezes consegui correr para o meio da rua e ele me arrastava novamente. Gritei, chorei, pedi socorro, e ninguém foi capaz de ajudar. Nenhum vizinho! Ninguém, nem mesmo para acionar a Polícia!
Parecia que aquele pesadelo não iria acabar. Eu me arrependia amargamente das vezes que o perdoei. Pensava na minha filha, e achei que não a veria mais.
Me encolhi em um canto da cama, e mesmo assim não foi suficiente para acalmar a fúria dele. Me xingava de tudo, jogava coisas em mim, objetos, facas e garfos. Em dois momentos desmaiei, e acordei com ele jogando água gelada e me agredindo mais ainda.
Não lembro de todas as cenas. Alguns flashes. Acordava, apagava novamente, ele parecia se acalmar e em seguida a fúria voltava.
Senti cheiro de queimado. Ele colocou fogo em quase todas as minhas coisas, fiquei apenas com algumas peças de roupa e algumas poucas coisas que se salvaram. Ele era tão estúpido, tão cruel, tão monstro, que dizia que iria se matar com remédios como minha mãe fez. Nessa hora eu torcia para que ele fizesse isso mesmo.

De manhã, ele resolveu sair. Dizia que se eu falasse algo, iria me queimar e colocar um cadeado na minha boca.
Fiquei sem saber o que fazer. Machucada, sangrando , em choque.

Mesmo depois que tudo passou, ele ainda me incomodava. Me mudei 2 vezes, pois ele me achava e ia fazer escândalo na minha porta de madrugada. Até que fiz uma medida protetiva, comecei a trabalhar na casa de massagem e me mudei pra lá. Ele acabou mudando de cidade, foi preso por outros motivos (mas soube que já está solto novamente). Nunca mais o vi... Mas hoje, se o encontrasse, não baixaria minha cabeça. Ele se tornou tão insignificante, que raramente aparece nos meus pesadelos (antes era frequente).

Muitos podem dizer que tive culpa, que deixei chegar nesse ponto. Mas só quem vive uma relação abusiva sabe o tormento que é, e como é difícil se livrar. E quando não se tem pra onde correr, como era minha situação, se torna ainda mais difícil.
Posso dizer que demorei pra me recuperar de tudo. Mas dei a volta por cima.
Resolvi expor essa história aqui pois sei que assim como eu, muitas mulheres passam ou já passaram por situações assim, ou parecidas. E deixo aqui meu alerta: não façam como eu, que paguei para ver, que não acreditei que a pessoa que tanto dizia me amar iria ser capaz de quase me matar.
O que começa com um tapa, empurrão ou puxão de cabelo pode se tornar uma grande tragédia.
O amor não é feito de palavras e sim de atitudes.
Quem ama não machuca, não ameaça, não bate.
Simples assim!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Parte Chata

Pra quem pensa que a prostituição é um mar de rosas, não é não. Como toda profissao, tem partes boas e ruins, e acho que quem lê meu blog já percebeu isso, rs. Mas confesso que considero-a um ÓTIMO exercício para paciência.

Eu procuro tratar todos meus clientes bem, não posso deixar que os bons paguem pelos maus. Como já falei por aqui, ultimamente não tenho do que me queixar porque todos sem sido bem agradáveis.

Mas antes do programa em si, tem aquele primeiro contato inicial. E nesse momento, algumas coisas irritam.

Começando pelo fato de que algumas pessoas acham que temos que estar disponíveis o tempo todo, a qualquer hora do dia, noite, madrugada. Existem meninas que atendem 24h por dia, mas obviamente tem que marcar hora né? Afinal em algum momento do dia ela precisa parar um pouco.
Esses dias acordei e tinha algumas mensagens no meu Whatsapp, até aí tudo normal. Alguns pedindo informação, outros dando oi, tudo normal também, acordo e vou respondendo e fazendo minha agenda do dia. Até que vejo uma criatura que deu uns 5 oi seguidos umas 4:30 da madrugada, e após não obter resposta disse "pra que colocar anúncio se não atende ou responde mensagem, puta de merda".
Posso com isso? Dei graças a Deus por não ter atendido ele, imaginem o tipo de ser humano que é!

Pior aqueles que nem querem saber sobre o programa. Querem fotos e mais fotos (isso porque tenho mais de 40 no meu outro blog), pedem fotos e videos "exclusivos", querem falar putaria. Assim, de graça.
Genteee! Se eu quisesse ficar pelada pros outros e falar putaria de graça, eu não seria garota de programa né. Ou será que alguém aqui trabalha de graça? Não paga, não ganha... Hellooo!

Não posso esquecer das perguntas desnecessárias, que são incontáveis.
Mas lá vão algumas:
-O que acha de sair pra bater um papo, tomar alguma coisas, sem compromisso... (Ou qualquer convite parecido. Detalhe: estou falando de primeiro contato. Pessoas que nunca me viram na vida, que não são meu clientes. Tem gente que pega o telefone de GPs pra ficar fazendo esses convites e tentar comer de graça).

-Você faz gostoso né? 
-Você é bonita mesmo?
-Sua pepeca é apertadinha?
(Bom, sei que existe insegurança por parte do cliente, pois não sabem o que os espera - assim como nós GPs também não sabemos. Mas será que acham que alguém vai responder NÃO para alguma dessas perguntas?).

Whatsapp e telefone de GP é pra ter maiores informações! Trocar algumas palavras não faz mal a ninguém. Mas se você já viu as fotos, já sabe o cachê, o local, forma de atendimento... Pare de imaginar e vá ao encontro ser feliz!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Nova Fase

Na última semana tomei a decisão mais importante da minha jornada como GP.

Até então sempre trabalhei para alguém, ou seja, sempre tinha alguém lucrando com os meus programas, além de mim mesma. Começando com a casa de massagem, onde além do valor ser baixíssimo, a dona da casa ficava com 50% de cada programa. Em seguida fui para as boates. Lá os valores eram melhores e o dinheiro do programa era meu (algumas casas ficam com uma porcentagem, em média 10% - e lucram com o aluguel dos quartos). Em boate eu ganhava também com comissão de bebidas... Mas pra isso eu precisava beber (ou fingir) e perder incontáveis noites de sono, e com o decorrer do tempo isso acaba com a gente (minha imunidade baixou horrores no tempo que eu trabalhei na noite, ficava gripada com mais frequência do que o normal). Decidi fazer um anúncio e atender somente em motéis... Mas a maioria dos clientes perguntava se eu tinha local para atendimento (talvez pra não serem vistos entrando em motel, ou pra economizar mesmo rsrs). Então conheci uma pessoa que tinha um apartamento, e usava somente para isso: cedia quarto e as coisas necessárias para a menina atender, levava e buscava em motéis, e no fim do dia as contas: 50% para a pessoa, 50% para a menina. (No meu caso, o acordo era 40%, mas enfim).
Não parece uma conta muito justa né?

Por isso assim que pude, arranjei um local para atender "sozinha". Sem ser cafetinada/agenciada por ninguém. Corri atrás das coisas que preciava e vida nova. Na verdade a mesma vida, só que agora dona do meu nariz (e do meu corpo e meu dinheiro).

Me vejo cada vez mais perto dos meus objetivos, e isso é muito bom.

Desejem-me sorte!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Quando não flui

Eu não sei por qual motivo, mas alguns atendimentos simplesmente não fluem. Sabe quando você está morrendo de vontade de transar com alguém, imagina a delícia que vai ser, e quando acontece... É uma merda? Então! É assim que me sinto quando iso acontece.

Afinal o cliente espera ter um momento de prazer maravilhoso, e deve ficar decepcionado quando não rola do jeito que imaginava. Mas é impossível agradar a gregos e troianos. Ainda mais se tratando de sexo, que é uma coisa tão particular.
Sem falar que tem todo aquele lance de simpatia, energia, personalidade... Tem pessoas que o santo não bate. Por algum motivo, não vai com a cara, sei lá. Imagine ter que transar com a pessoa! Como vou virar para um cliente e dizer "moço, desculpa mas não fui com sua cara"? Até porque às vezes posso estar julgando mal. Já aconteceu de não simpatizar no início, e acabar sendo um atendimento legal. Vai entender!
E quando a pessoa é arrogante mesmo? É complicado, viu! Esses dias um cliente falava de uma forma tão pejorativa sobre seus funcionários, se achando tão superior diante deles, que me deu vontade de mandar tomar no c* e falar que de nada adianta ter dinheiro com uma alma tão pobre e mesquinha. Mas, como minha missão não era dar lição de moral nele, respirei fundo e continuei o atendimento. 

A última vez que aconteceu um atendimento desses que não fluem, foi com um cliente que veio até o meu local. Bonitão, até simpático. Mas por algum motivo não consegui "quebrar o gelo". A transa foi meio automática, sem sal nem açúcar. Tanto que até ele percebeu e falou que eu estava tensa. Por mais que eu me esforçasse, eu simplesmente não conseguia relaxar. Depois da transa trocamos algumas palavras, e nem comentamos sobre como foi ruim. Sorrisos amarelos, e tchau tchau.

Lembro de uma vez com um senhor, na famosa "casa de massagem". Ele tinha (acho que) uns 70 anos - e não tem nada a ver com a idade. Sempre me escolhia. Pedia meia hora, e quando o tempo acabava pedia mais meia hora... E assim ficava até 4, 5 horas no quarto! Claro que não ficava transando o tempo todo, mas ficava se esfregando de uma forma que foi me enojando com o passar do tempo. Chegou a um ponto em que eu não conseguia disfarçar, parecia que meu corpo queria fugir. Sinceramente não sei porque aquele homem continuava me escolhendo, pois o negocio não rolava mesmo! Atender ele se tornou uma tortura, eu ficava torcendo pro tempo passar rápido, parecíamos gato e rato, ele vinha me tocar e eu me esquivava, era quase uma reação do meu corpo que eu não conseguia controlar. E o pior (ou melhor) é que ele era querido, me tratava bem. O sexo é que não rolava MESMO. Um dia falei que não iria atendê-lo mais, pois não estava rolando clima nenhum entre nós. Foi chato, mas foi melhor assim.

Ainda bem que essas coisas não acontecem com muita frequência, e a maioria dos atendimentos tem sido tranqüilo. Que assim permaneça!