quarta-feira, 1 de novembro de 2017

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Florianópolis, 30 de Janeiro de 2015

04:45h - Faz mais ou menos uma hora que a boate fechou. Me "desmontei", tomei um banho frio e relaxante, deixei a água escorrer por cima de mim - até que uma das meninas começou a bater na porta e gritar pra eu sair. Ela estava bem alterada, o que não é de se estranhar após uma noitada dessas.
Eu deveria estar dormindo agora. Estou bem cansada, meus olhos chegam a arder, e minhas pernas doem de tanto que subi e desci escadas na função salão-quarto hoje. Mas o sono não vem, por isso eu vim escrever.

É muito difícil ficar sozinha aqui. Sozinha, mesmo cercada de gente.
Sozinha, com o bolso cheio, e sem conseguir dormir. Hoje estou me sentindo suja, nojenta, e minha vontade é só chorar.

Estou ganhando um bom dinheiro. A casa de massagem que eu estava trabalhando é uma piada perto disso aqui. E sei que perto do que passei lá, isso aqui é um paraíso!
Aqui tem acomodação especial para as meninas, cada uma tem seu quarto (lá eu dormia nos mesmos quartos onde fazíamos os programas). Até alimentação eles dão aqui, veja só! 

Era pra eu estar mega feliz. Estou grata pelo dinheiro que estou ganhando, afinal é isso que eu queria. Mas tem noites, como essa, que me sinto um cocô no fim da noite.
Ficar no bar caçando programa, aturando velho bêbado e filhinho de papai folgado, é dose! Conversar, rir, beijar, e ter que ser carinhosa, quando não estamos com a mínima vontade, é horrível!

Mas fazer o que, se é isso que eu escolhi? Fazer o que, se é isso que tá rendendo? 
Não vou jogar tudo pro alto. Não vou mesmo! 
Sei que vai chegar o dia que não vou mais precisar passar por isso. Vou ter uma vida normal. Não entrei nessa em vão, não vou passar esse sofrimento a toa. 

Outro dia está raiando... E tudo vai ser diferente.
Que Deus me guarde, me guie, e me confortee.
É só uma noite difícil!

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